É famosa no mundo inteiro a escultura de Léo Santana em homenagem ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade existente desde 2002 na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro - tanto pela homenagem em si, quanto (infelizmente!) pelas constantes notícias de vandalismo que a obra sofre, em geral com alguém levando embora os óculos do poeta.
Menos famosa é outra obra de arte pública que também retrata Drummond - no caso, é uma escultura feita em parceria por Xico Stockinger e Eloísa Tregnago. Instalada desde 26 de outubro de 2001 na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, apresenta Drummond indo visitar seu colega gaúcho Mario Quintana, sentado num banco da praça. Menos famosa, mas nem assim imune a vandalismos, como comentei no site Jornalismo Cultural em 2007 (republicado no blog de mesmo nome em 2013). À falta de óculos, o conjunto escultórico teve furtado o livro que Drummond leva a Quintana.
Stockinger foi um artista austríaco nascido em Traun que passou praticamente a vida toda no Brasil, onde chegou com a família aos 4 anos, em 1923 (naturalizou-se brasileiro em 1958). Depois de estudar artes e viver entre Rio de Janeiro e São Paulo, Stockinger foi morar em Porto Alegre em 1954, contratado como chargista pelo jornal A Hora, onde atuou por dois anos. Após se desligar do veículo, seguiu na capital gaúcha, dedicando-se à xilogravura e desenvolvendo uma carreira de escultor que o colocou entre os maiores nomes dessa expressão artística no Brasil na segunda metade do século 20. Tive o privilégio de estar presente na festa que comemorou seus 85 anos, em 2004; ele faleceu em 2009, a poucos meses de seu 90º aniversário.
Natural de Bento Gonçalves, RS, onde nasceu em 1958, Eloísa Tregnago mora em Porto Alegre desde 1985, tendo estudado com Stockinger e Vasco Prado, dois dos mais destacados artistas do Rio Grande do Sul. Tem participado de diversas exposições coletivas tanto no Brasil (Porto Alegre e Belo Horizonte) quanto no exterior (Áustria). Em 2014, realizou no Studio Clio (Porto Alegre) a exposição individual Rostos Revelados.
Uma característica que muito me agrada nesta obra é o fato de ela apresentar de uma só vez dois grandes nomes da literatura, a imensa maioria das esculturas públicas similares é de artistas sozinhos, aguardando a companhia de admiradores que com eles queiram tirar selfies (são assim todas as outras que conheço - a de Elis Regina também em Porto Alegre, a de Ruy Barata em Belém, a de Vinicius de Moraes em Salvador, a de Drummond e a de Dorival Caymmi no Rio de Janeiro, a de Antônio Maria no Recife, as de Aurélio Buarque de Holanda e de Graciliano Ramos em Maceió, acho que não esqueci nenhuma). Com dois poetas, só mesmo o Monumento à Literatura em Porto Alegre!
As fotos que vemos aqui foram feitas com um celular, na minha penúltima estada na capital gaúcha, em janeiro de 2013. A foto que abre o post é do dia 15, a que o encerra é do dia 16.
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