29/09/2017

Coisas do Mundo: A charge escaneada de Noel Rosa

Em 2008, eu editava um site especializado em samba e choro chamado Brasileirinho (que ficou no ar entre 2002 e 2016), e tive a ideia de criar dentro dele um hotsite dedicado a Noel Rosa, cuja obra passava então ao domínio público. 

A imagem que escolhi para ser a capa do hotsite foi esta charge, uma autocaricatura que Noel fez já próximo ao final da vida. 

Como a imagem se encontra na página 2 da segunda edição (1977) do livro No Tempo de Noel Rosa, de Almirante, foi um pouco difícil escanear, resultando então nessa faixa mais clara à direita (a falha no 'e' da primeira linha é do próprio livro). Como se tratava, na ocasião, de um impresso de mais de 30 anos, o papel já estava levemente manchado (a mancha mais visível é a que está abaixo do cigarro, há outras no canto superior direito). E por algum motivo a imagem escaneada não ficou com o fundo branco, e sim levemente rosado. 

É evidente que, tendo Noel morrido em 1937, ao longo desses 80 anos esta imagem já deve ter sido reproduzida incontáveis vezes (nesta notícia de 2008, aparece uma outra versão da mesma charge). Mesmo assim, considero incrível constatar como essa charge que eu escaneei dentro da minha casa, em Porto Alegre, há 9 anos, ganhou o mundo. 

Você pode vê-la:

  • Na Galeria da página de Noel Rosa na Wikipedia em espanhol
  • E nesta matéria da revista Exame, de 2.12.13, onde achei a pista que esclarece por que justamente a imagem que eu escaneei ganhou o mundo. Mesmo que a Exame tenha publicado a imagem com recortes, é possível identificar a 'famosa' mancha abaixo do cigarro, e na legenda esta imagem tem por crédito "Creative Commons".

Fui então no site https://creativecommons.org/ e pesquisei "Noel Rosa charge". Vejam que o primeiro resultado da pesquisa....




.... tem como referência justamente a imagem que estava no site Brasileirinho, à qual, há exatos cinco anos (29.9.12), alguém resolveu atribuir uma licença Creative Commons, embora ela não seja necessária por se tratar de obra já entrada no domínio público. 

  • Desde a semana passada, estou republicando no blog Jornalismo Cultural o conteúdo que outrora esteve no hotsite do Brasileirinho, e naturalmente foi esta charge a escolhida para novamente ser a identidade visual da série. Acompanhe as postagens semanais por lá através da tag Sextas do Noel.




27/09/2017

Minha estréia no Cinema

No post nº 200 deste blog, comentei minha carreira como cineasta, que completava então dois anos, a contar do lançamento do curta Tia Zefa no Dia da Consciência Negra 2014, em 26.2.15  (daí o nome do post, Dois anos de Cinema). E cheguei a citar que meu primeiro projeto de filme inscrito em um edital data de 2005. O que não cheguei a comentar naquele texto é que bem antes disso eu já havia participado de algumas produções - seja dando depoimento para documentários musicais, seja como figurante em ficção. Sim!

Foi exatamente como figurante que apareci pela primeira vez numa produção cinematográfica. Trata-se do curta-metragem O Guarda-Linhas, de Liloye Boubli. Você pode assistir este filme no Vimeo


Marcelo Picchi e Gianfrancesco Guarnieri
em O Guarda-Linhas


O curta, com roteiro da própria Liloye em parceria com Geraldo Carneiro, é baseado no conto "El guardagujas", que integra o livro Confabulario, publicado em 1952 pelo escritor mexicano Juan José Arreola (1920-2001). Confabulario foi um dos títulos que deu a Arreola a fama de um dos mais importantes nomes do conto fantástico no México - o crítico americano Seymour Menton escreveu que, em contos como "El guardagujas", Arreola revelava estar "constantemente preocupado pelo verdadeiro sentido do mundo em que vive". 

As filmagens aconteceram em Bento Gonçalves e Garibaldi, duas cidades da Serra gaúcha, em abril de 1993. Na época, eu colaborava com a Rádio Viva, de Bento Gonçalves, produzindo o programa A Voz dos Distritos, um radiojornal que abordava temas da área rural do município. Como parte das filmagens do curta aconteceram justamente na área rural de Bento, convenci um dos diretores da rádio, Fernando Rachele, que também era o apresentador do programa, a fazermos uma edição especial sobre O Guarda-Linhas. Excepcionalmente, coube a mim o privilégio de, além de produzir, apresentar este programa, já que naquela semana Rachele não pôde gravá-lo. 

A produção do curta recebeu muito bem a ideia do programa para a rádio - fui autorizado pela própria Liloye, inclusive, a resumir o roteiro no programa, sem restrições quanto a revelar o final da história. Da equipe do filme, apenas o ator Marcelo Picchi não quis gravar entrevista pra rádio; além da diretora, entrevistei o produtor Carlos Del Pino - que apontou a relevância do cinema brasileiro, num momento em que o setor ainda se ressentia da extinção da Embrafilme durante o governo Collor de Mello; lembro que Del Pino comentou que "estamos com uma equipe de cinema inteira aqui, a Rede Globo não viria gravar uma novela em Bento Gonçalves". Conversei também com o ator Gianfrancesco Guarnieri (apenas um dos maiores nomes do teatro brasileiro em todos os tempos), que fez questão de citar meu nome em ao menos uma das respostas (quem já trabalhou em rádio no interior sabe da importância disto); meu contato com Guarnieri me provou, uma vez mais, o quanto são humildes os verdadeiramente grandes.

O Guarda-Linhas foi selecionado para o 26º Festival de Brasília (24 a 30.11.93) e teve três apresentações especiais em Bento Gonçalves nos dias 8, 9 e 10.4.94, no Cine Ipiranga (localizado aliás a poucos metros da estação ferroviária onde decorre boa parte da história). O Ipiranga estava desativado desde dezembro de 1992 e desde então abria apenas esporadicamente - em junho de 1993 chegou a exibir "dois filmes ecológicos", como mencionei na minha coluna do jornal Semanário de 9.4.94 onde noticiei a exibição do curta na cidade:

"O Guarda-Linhas

Este é o título do curta-metragem filmado no ano passado aqui em Bento Gonçalves e que está sendo apresentado no Cine Ipiranga neste final de semana. Com astros como Gianfrancesco Guarnieri e Marcelo Picci [sic], o filme foi rodado na Estação Ferroviária, Cidade Alta, no antigo roteiro turístico ferroviário para Jaboticaba, distrito de Tuiuty, e na propriedade da família Strapazzon e localidade de São Miguel, distrito de São Pedro. Os figurantes foram todos recrutados entre a população local (eu também apareço)."

(Lembro que uma amiga minha riu muito deste 'eu também apareço'... risos)

O convite para fazer esta figuração foi totalmente inesperado. Eu estava cobrindo as filmagens na Estação Ferroviária, um dia depois de fazer as entrevistas e acompanhar as gravações em São Miguel, e a equipe de produção me convidou a tomar parte na cena onde uma multidão tenta entrar no trem. Alguém conseguiu um sobretudo emprestado e é com ele que apareço brevemente entre 10:01 e 10:04 do curta - abaixo, algumas fotos (meu cabelo ainda era preto, afinal eu tinha apenas 22 anos - risos). Lembro que em algum jornal de Bento chegou a sair uma foto onde sou visto com certo destaque, logo atrás de Marcelo Picchi, mas no filme minha aparição é de fato bem discreta (e nem teria porque ser de outra maneira). Olha eu ali à direita, batendo na lataria pro trem parar (risos). 






25/09/2017

A Semana nº 40

  • Desde a terça, 19, este blog integra o programa de afiliados do Booking.com. Através da caixa de pesquisa presente na coluna esquerda do blog, você pode pesquisar onde se hospedar em sua próxima viagem - e, ao fazer uma reserva a partir do link aberto aqui no blog, você estará também nos ajudando a financiar esta iniciativa. 

  • Também na terça, meu curta Visitando os Tukano-Dessana foi exibido pela primeira vez. O filme integrou a 3ª sessão de documentários do Cine Tamoio Festival - 2ª Edição, em São Gonçalo (RJ). O curta não chegou a ser indicado para nenhuma das categorias de premiação em disputa no evento. A cerimônia de entrega dos prêmios aconteceu na sexta, 22.

  • Ainda na terça, inscrevi cinco das fotos que foram utilizadas no curta citado acima no concurso World Nomads 2017 Travel Photography Scholarship (abaixo, uma delas). Você pode ver as fotos no site do concurso clicando aqui.


23/09/2017

Ensaio de setembro: Amanda Maria



A modelo em destaque no nosso Ensaio de Setembro, comemorando os 15 meses do blog no ar, é Amanda Maria, que vocês já puderam conhecer nos últimos dias através das fotos que publicamos com a prévia do ensaio.

A meu pedido, ela escreveu um texto se apresentando a vocês:

Sou alagoana, tenho 17 anos, nasci e vivo na cidade de Murici... Comecei meus primeiros passos na carreira de modelo já faz 1 ano e 2 meses, foi um sonho desde criança que está sendo realizado. Pretendo chegar longe, com muita fé e humildade!!!



Fizemos as fotos num dia maravilhoso - o feriado de 7 de setembro, uma quinta-feira. Apesar de o clima em Maceió estar bem mais chuvoso que o normal este ano, no dia do ensaio tivemos a bênção de não cair uma gota no período em que estávamos fotografando nas praias urbanas da Pajuçara e Ponta Verde.

Acompanhe o trabalho de Amanda Maria no Instagram



A clássica foto com o Farol da Ponta Verde
não poderia faltar


E aí em meio ao ensaio encontramos esta moldura
 que aguardava ser preenchida por uma obra-prima!




Aqui Amanda posa junto ao painel do Centro Cultural Arte Pajuçara,
que está em campanha visando arrecadar fundos para
se manter em funcionamento. Saiba mais na fanpage do Centro.


21/09/2017

Sai com esse calote sai pra lá

Ontem à noite, vi no Facebook o post de uma amiga, atriz, relatando um calote que está tomando de uma empresa para a qual executou um trabalho artístico em abril deste ano - sim, há longos cinco meses a empresa não só não lhe paga, como ainda chama de "reclamações" as tentativas que ela  - minha amiga, a atriz que doou seu tempo, seu talento, seu conhecimento para executar o que a empresa pediu - faz de receber o dinheiro que a própria empresa lhe ofereceu!!!!                               :o


Hoje pela manhã, escrevi no post mencionado um comentário que em seguida publiquei em meu próprio mural e entendi que já tinha ali, esboçado ao menos, o textão desta quinta. Esboço desenvolvido, ei-lo aqui. 

***

Impressionante como na área de serviços (Arte, Cultura, Comunicação e etcs relacionados são serviços) as pessoas entendem que não precisam pagar! Mas estas mesmas pessoas não entram numa loja e "pedem uma calça" emprestado, nem vão ao supermercado pedir na cara dura "um pouquinho de arroz e feijão"...

Eu já tomei muito calote, um dos mais graves foi há seis anos, quando um site de Belém pro qual trabalhei um mês e 20 dias "ficou de analisar" o meu pagamento referente aos tais 20 dias, alegando que eu não completara o mês! Até hoje não pagaram. 

Depois disso tenho sido mais cuidadoso, o que não impede de eventualmente ter alguns calotes (risos). O mais recente foi de um estabelecimento comercial em Belém, que queria fotos pra fazer publicidade no Instagram. Como eu já tinha viagem marcada pra Maceió no dia 26 de junho e o dono falou que só poderia pagar no dia 30, fiz as fotos no dia 24 e editei antes de viajar, com a condição de só entregar mediante o pagamento - que não veio até agora. Mas ao menos dessa vez não tem ninguém usufruindo do meu trabalho sem ter pago.

Penso que já tem coisa minha disponível de graça o suficiente na internet - textos, filmes, fotos. Não cobro para ir a escolas falar do meu trabalho; apenas em Macapá, quando levava os banners com as fotos da exposição As Tias do Marabaixo, solicitava que a escola providenciasse meu deslocamento (só uma vez uma escola não mandou ninguém me buscar e eu não fui). 

Também não cobro de quem queira exibir pública e gratuitamente meus filmes, afinal eles podem ser vistos de graça no YouTube - mas cobro se alguém quiser fazer uma sessão comentada por mim, isto é um outro trabalho. É comum que nestes casos o 'con-tratante' entenda que prover os meios para você ir e voltar, e eventualmente lhe dar uma refeição (e uma hospedagem, quando o evento for fora da sua cidade), já é pagamento o suficiente. Mas você precisa ser indenizado pelo tempo que ficou à disposição de terceiros! Você teve que se preparar, cancelar ou recusar outros compromissos, isto precisa ser compen$ado. ("Curiosamente", nesses casos o 'con-tratante' jamais, em hipótese alguma, tenta regatear o pagamento correspondente a restaurantes, hotéis e empresas de ônibus ou companhias aéreas - a imensa maioria das quais tem uma conta bancária muito mais polpuda que a sua; é justamente a você, supostamente "a atração" do evento e geralmente o elo economicamente mais fraco desta corrente toda, que se vai negar a devida paga. Doideira?)

Claro que há casos e casos. Algumas vezes você já sabe que não haverá pagamento, e aí concorda em ir (ou fazer o trabalho) ou não - por exemplo, as escolas de Macapá onde apresentei o projeto As Tias do Marabaixo eram, todas, escolas públicas. Caso alguma escola particular me convidasse, até caberia cobrar algum valor. Mesmo a incensada Festa Literária de Paraty, a Flip, não paga aos escritores que são atração do evento - não só ela, evidentemente, como bem assinalou Henrique Rodrigues, em texto publicado no site Publishnews em 30 de agosto - "E pro escriba, não vai nada? - Em escolas e grandes eventos literários brasileiros, só os escritores trabalham de graça". Vai um trecho:
Nem na Flip, o evento literário mais relevante no país, o autor recebe – e não é por conta da crise recente, pois sempre foi assim. (...) Tirar um escritor de casa, fazê-lo pegar a estrada para dar uma palestra ou participar de um bate-papo com o intuito [de] estimular a leitura é uma prestação de serviço cultural, e deve ser remunerada.
Então, temos aqui o primeiro tipo destes casos - o Convidamos Você para Trabalhar de Graça. Esse tipo tem duas variantes:

a) Convidamos Você para Trabalhar de Graça e Deixamos Isso Claro de Saída - É o mais adequado, você pode medir os prós e contras para avaliar se aceita ou não. Geralmente esse convite vem acompanhado de alguma compensação para o não-pagamento (pode ser a cobertura de despesas de viagem, como me aconteceu ao ser convidado para palestrar na inauguração da Casa do Samba de Santo Amaro da Purificação, em 2007).

E, claro, tem o 

b) Convidamos Você para Trabalhar de Graça e Vamos Enrolar Você até o Final - Aqui a coisa já começa a ficar feia pra quem convida. Nesse caso a pessoa esmiúça nos mínimos detalhes tudo o que quer que você faça, mas em momento algum fala em lhe pagar. Considero isto mais grave porque quem convida já sabe que não haverá pagamento, e deveria dizer isso de imediato. 

Um desses casos de (b) me aconteceu em Belém ao final de 2011 (contei isto já num workshop em Macapá e também no encontro de 2013 com alunos da PUC-SP). Outro foi ali por 2004, quando, ainda em Porto Alegre, eu vinha fazendo uma série de palestras em centros culturais da cidade. O diretor de um clube cultural me telefonou convidando para eu fazer uma palestra sobre Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Oscar Niemeyer (sim, todos eles numa palestra só!). De fato eu já havia palestrado sobre os dois primeiros, mas cada um em um evento separado - foi o que de imediato disse ao meu interlocutor, acrescentando que não só eu precisaria pesquisar sobre os outros dois - afora o fato de que Niemeyer era arquiteto, e não artista plástico, o que a meu ver complicava mais a tarefa. Enfim, fiz ver ao clube que a palestra encomendada daria bastante trabalho, e aproveitei para perguntar se eles pagavam o mesmo para cada palestrante ou se cada um negociava livremente o cachê. Pra quê! O diretor ficou MUITO indignado, falou enfurecido que o clube não pagava ninguém, e acabou, acho que na emoção, falando algo que na verdade virou um argumento a meu favor:

- O único convidado que a gente já pagou pra falar aqui foi o Fulano de Tal, porque se não pagasse ele não viria. 

Sendo que Fulano de Tal é um jornalista e professor famoso no Rio Grande do Sul, funcionário da Empresa X, um poderoso grupo de comunicação, no qual à época Fulano mantinha uma coluna em jornal, vários programas de rádio e eventuais aparições na TV,  e tinha todo esse aparato à disposição quando lançava livros. 

Sem pestanejar respondi:

- Pois então, se ele, que tem todo o poderio da Empresa X por trás vocês pagaram, mais certo ainda seria pagarem pra mim, que eu não tenho esse império todo à minha disposição!

Realmente o diretor não esperava por isso, em seguida se despediu e desligou. Se não me engano, ele ainda telefonou mais uma ou duas vezes, mas sempre com a mesma proposta 0800, e eu não cedi.




Porém nada é pior do que o segundo tipo - o A Gente Nunca quis te Pagar Mesmo (também conhecido popularmente como Calote). É o que está acontecendo com minha amiga atriz. Comigo não tem acontecido muito (afinal, tenho aprendido com os erros né - risos), acho que a última vez que fiz um release que a pessoa ficou de pagar depois foi no começo de 2012 (eu estava para viajar, mesmo assim fui à casa da pessoa para entrevistá-la, já que ela não tinha nenhum release anterior, viajei, escrevi, mandei e a pessoa disse que não gostou e não ia me pagar nem usar o texto; de fato, nunca o vi por aí, mas enfim não era o que havíamos combinado). Em ocasiões onde eu prestava assessoria de imprensa de forma contínua para alguns artistas, me acostumei a suspender os serviços a partir de dez dias de atraso do pagamento mensal (mantendo alguns itens, como encaminhar ao artista pedidos de entrevista que eu recebesse, mas sem me envolver diretamente). O caso da empresa de Belém pra qual fiz as fotos em junho eu nem chamaria de calote, porque ao optar por não me pagar, eles também acabaram ficando sem as fotos.

Inclusive considero que é desta maneira que podemos, cada um de nós que trabalha com Fotografia, Arte, Cultura, Comunicação ou o que for, começar a virar este jogo:

  • Alguém lhe abordou na rua, num evento, mandou um e-mail, telefonou ou etc. chamando você para trabalhar? Ótimo. Procure entender o que de fato esperam de você e pergunte quanto irão pagar (ou, se for algo que você já tenha estabelecido, diga que você cobra tanto). Em último caso, informe que a partir das informações fornecidas, você irá elaborar um orçamento e enviar em X dias. Resumindo a ópera: traga à tona, e de forma bem clara, o tema "remuneração" já a partir deste primeiro contato. Pessoas honestas não irão se incomodar com isto. 
  • Uma coisa que aconselho também é cobrar uma parte do valor (o chamado "sinal") já neste primeiro contato, ao menos para você reservar a data. Quando você é chamado a fotografar um show, mesmo que não tenha que arcar com o ingresso, certamente precisará fazer uma refeição e pegar ao menos um táxi. 
  • Outra dica preciosa é não entregar o trabalho sem receber o pagamento total - seja o saldo que ficou após o pagamento do sinal, seja uma parcela única (depende do que vocês acertaram). Nem sempre funciona para apressar o pagamento (no caso da empresa de Belém, por exemplo, não funcionou), mas ao menos o resultado do seu trabalho não sai por aí de graça. 

Para artistas que trabalham com performance (atores/atrizes como a minha amiga, cantores/cantoras, músicos/musicistas, dançarinos/dançarinas), pode parecer mais difícil o último item - a não-entrega do trabalho sem o pagamento finalizado -, já que, diferentemente de quem escreve ou fotografa, para quem atua, canta, toca ou dança, a 'entrega' do trabalho é indissociável da própria realização deste trabalho. Enfim, cada um sabe de si (já dizia minha mãe: teu coração é teu mestre), mas eu pensaria duas vezes antes de entrar num palco sabendo que o contratante primeiro disse que iria pagar tudo antes da apresentação e quando esta se aproxima, ele "subitamente", do nada, "muda de ideia".



* Ilustrando o artigo, árvores fotografadas 
em diversos pontos de Maceió
Feliz Dia da Árvore!

18/09/2017

A Semana nº 39

  • Na segunda, 11, publiquei no Digestivo Cultural minha coluna do mês, um artigo intitulado O Jornalismo Cultural na Era das Mídias Sociais, falando da nova relação entre jornalistas e artistas a partir do advento das redes sociais, ilustrada por recentes exemplos dos Tribalistas e de Nando Reis, e comentando ao final que este novo quadro me levou a focar no trabalho com Fotografia e Cinema. 


  • E na quarta, 13, o Metro Jornal me informou que montara um slideshow com as 7 fotos que inscrevi no Metro Photo Challenge, em outubro do ano passado. São imagens feitas no Amazonas em 2015 e em São Luís (MA), Canindé do São Francisco (SE), Cuiabá e Rondonópolis (MT) no ano passado - todas já publicadas aqui no blog. Para ver as fotos animadas, clique aqui




14/09/2017

Post nº 300: Como será o amanhã?



A única coisa permanente 
na vida é a mudança.



Esta frase, que parece ter inspirado a composição de Gilberto Gil "O Eterno Deus Mu Dança" (1989), é beeem mais antiga, sendo atribuída ao filósofo grego Heráclito de Éfeso (c.535-475 a.C.). Confesso que descobri isso agora, pesquisando no Google. Mas mesmo sem saber até hoje da antiguidade da frase, posso dizer que seu conceito me é bem familiar: seguidamente falo algo nesta linha a pessoas mais jovens que eventualmente me pedem conselhos.

O que costumo lhes dizer é que seus sonhos e objetivos irão mudar ao longo da vida, porque você mesmo/a irá mudar também, e não há nada de errado nisso. Percebo que, quanto mais jovem a pessoa a quem falo isso, mais ela se mostra relutante em concordar com o que digo. Mas é um fato: seria muito estranho que hoje, aos 46 anos, eu tivesse os mesmos sonhos e objetivos que tinha com metade dessa idade, aos 23 - no distante ano de 1994!

Mesmo os 5 anos que uso como base para a projeção de vida & carreira proposta no meu artigo Os 5 Valores de uma Carreira de Sucesso, de 2015, já são um período de tempo consideravelmente largo. Mas é claro que a proposta lá é um exercício mental para não ficarmos pensando tão presos ao agora, como geralmente fazemos.


Sete Coqueiros 
- 10.9.17


Recordo que, em fevereiro, quando estava em Belém, participei de um encontro de artistas no qual a proposta foi cada um escolher um ano qualquer no futuro e dizer como imaginava que estaria então sua vida. Tentando ser coerente com meu próprio texto, fui o único que coloquei a projeção para uma data razoavelmente próxima - os tais 5 anos. Houve quem se dispusesse a "saltar" 20 ou até 40 anos no tempo. Mas praticamente todos, com poucas exceções, se imaginaram na mesma cidade (alguns até na mesma casa!), com a mesma profissão e o mesmo circulo de amigos - mesmo os poucos que 'se viram' morando no exterior. As mudanças imaginadas, na quase totalidade, eram concretizações/desdobramentos de sonhos atuais: a conclusão do curso em que a pessoa está, o casamento com o/a atual namorado/a (seguido do nascimento de filhos do casal) etc.

Evidente que, sendo um exercício de imaginação, não há nada 'certo' nem 'errado' com o que tenha sido dito na ocasião. De todo modo, foi um raro momento onde cada um de nós pôde observar como os outros pensam, numa reunião de umas 20 pessoas, e não apenas numa conversa com amigos, como seria o mais comum de acontecer (se bem que raramente vejo amigos conversando sobre a vida de cada um dali a 5, 20 ou 40 anos).


Propaganda mural na praia de Cruz das Almas
- 9.8.17


É bom lembrar: as pessoas que estavam ali fazendo aquele exercício eram, todas, artistas e/ou ligadas de algum modo à Cultura e à Comunicação. Vendo este grupo tendo dificuldade em deixar a imaginação voar (ao menos em relação à própria vida), não é difícil entender como, para muitas pessoas, as mudanças - ou mesmo a possibilidade delas - são percebidas negativamente. Mas isto é algo inevitável; é impossível que nada mude nunca.

Existem as mudanças que decorrem de uma ação sua (você fez vestibular, passou, concluiu o curso e agora tem um diploma); existem as que, não sendo de sua iniciativa, lhe afetam (a empresa onde você trabalha foi adquirida por outra); e há as que surpreendem todo mundo (ou alguém imaginava em 1995 que em menos de 20 anos a internet mudaria TUDO?).


Cavalo na orla da praia da Pajuçara
- 5.7.17

Estas mudanças que não decorrem de uma ação sua se enquadram no que, no texto dos 5 Valores já citado, eu chamo de imprevistos positivos e imprevistos negativos. As fotos que ilustram este post são, todas elas, imprevistos positivos com os quais me deparei aqui em Maceió - ao sair de casa em cada um desses dias, eu não imaginava que iria presenciar estas cenas, e felizmente estava preparado para registrá-las.

  • A inspiração para escrever este texto veio de comentário que fiz num post da cantora Renata del Pinho no Facebook. 



13/09/2017

Prévia do ensaio com Amanda Maria



A imagem acima é a primeira a ser divulgada do ensaio com a modelo alagoana Amanda Maria. Fizemos as fotos nos bairros da Pajuçara e Ponta Verde, em Maceió, na quinta, 7. Agora pela manhã, ela publicou a foto em seu Instagram, com a seguinte legenda: Uma previazinha de um ensaio topadoo com o fera na fotos @fabiogomes.fotocinema !!! Na paquera com esse Graciliano Ramos oooh homão charmoso né não gente?? Rsrs

O ensaio completo, como de praxe, será publicado aqui no blog no dia 23, comemorando nossos 14 meses no ar. Atualização 23.9.17: veja o ensaio completo!

Desta vez, resolvi inovar postando fotos de prévia do ensaio (o que fiz antes apenas raramente, e nunca com postagens no blog, mas sim nas redes sociais). É tanto uma forma de promover antecipadamente a publicação do ensaio, quanto um modo de compartilhar com vocês uma série de fotos que de outro modo vocês não veriam no blog, em função de limitarmos a 10 o número de fotos por postagem (a única exceção até agora foi o Ensaio de aniversário, com 20, mas era uma data especial e um ensaio com dois modelos). Estou apostando no novo formato e ansioso pelos resultados.

  • Atualização 15.9: Na segunda foto da prévia, Amanda posa ao lado da estátua em homenagem ao ator Paulo Gracindo, na orla da Pajuçara. 


  • Atualização 17.9: Na terceira foto da prévia, Amanda abraça o coração de Maceió, que faz parte do letreiro "Eu amo Maceió", na orla da praia da Ponta Verde. 


  • Atualização 19.9: Na quarta e penúltima foto da prévia, vemos Amanda (literalmente) entre Maria Bonita e Lampião.


  • Atualização 21.9: Na última foto da prévia, Amanda com Maria Bonita.


11/09/2017

Belezas Culturais: Grafitti em Belém



Em 18 de junho deste ano, já quase me despedindo de Belém, fotografei toda uma parede grafitada na Passagem do Horto (que liga a av. Conselheiro Furtado ao Horto Municipal, no bairro Batista Campos). 

Uma das imagens que mais me chama a atenção de todo aquele conjunto (que espero que ainda esteja por lá) é esta, de autoria do artista Peregrino Leão (saiba mais sobre ele no Facebook).

Impossível ler a frase e não lembrar do samba "Besta é Tu", de autoria de Galvão, Pepeu e Moraes, incluído no antológico LP Acabou Chorare (1972) , dos Novos Baianos. O título alude a um antigo método de violão comumente usado na Bahia, cujo exercício de abertura tem uma sequência de sons repetidos que lembram a frase "besta é tu". 




09/09/2017

Selfie preto e branco



Essa foto originalmente era colorida (veja a original ao final do post), mas com esse fundo de azulejos não havia porque resistir à tentação de convertê-la para preto e branco, né?

Fiz esta selfie em maio de 2016, numa breve passagem por Macapá para acompanhar alguns eventos do Ciclo do Marabaixo daquele ano (passagem que, além de algumas fotos, resultou também neste vídeo). O quarto que eu alugava habitualmente no Centro estava ocupado, então fiquei num outro que tinha essa parede peculiar. 





08/09/2017

Belezas Naturais: Maceió


Uma tela abstrata de algum pintor de arte contemporânea?

Não, "apenas" uma foto que fiz na Praia da Pajuçara, em Maceió, no dia 5 de julho.

:)


07/09/2017

Feriado

Uma publicação compartilhada por Fabio Gomes Foto & Cinema (@fabiogomes.fotocinema) em

04/09/2017

A Semana nº 38

No domingo, 3, o Cine Tamoio Festival - 2ª edição anunciou a programação completa (veja na fan page do evento). Meu curta Visitando os Tukano-Dessana será exibido na terça, 19, na 3ª sessão de documentários, que inicia às 15h45 no Teatro George Savalla Gomes (Carequinha), em São Gonçalo (RJ). Endereço: Rua Oliveira Botelho, s/nº, bairro Neves. 



02/09/2017

Quem avisa amigo é



Concluindo a semana que dedicamos aqui no blog a mensagens de conscientização sobre a importância de preservação do meio ambiente, no embalo dos sucessivos ataques do governo federal à Amazônia, fica o recado deste cartaz que fotografei em Palmas nas vizinhanças do lago da cidade, em 19 de julho de 2015. 

Maior floresta tropical do planeta, a Amazônia está ameaçada pelo recente decreto presidencial que libera a mineração junto a áreas de proteção ambiental e terras indígenasAssine a petição da Avaaz e impeça que a floresta Amazônica vire um deserto!


01/09/2017

Belezas Naturais: Garças sobre as mangueiras

Um belo dia de maio deste ano, estava eu na Praça Batista Campos, área central de Belém, tomado uma água de coco quando ouvi o que me pareciam ser patos grasnando. Olhei em volta, não vi pato nenhum. Como o som continuava, aliás ia ficando mais forte, em dado momento olhei para cima e me deparei com uma cena como esta. Não eram patos, mas garças, às dezenas, pousadas sobre as mangueiras. 


Voltei à praça no dia 17 de maio, mais ou menos no mesmo horário (final da tarde; esta foto foi feita às 16h53) para registrar este fenômeno que classifico como incomum. São famosos os periquitos que pousam sobre a samaúma vizinha à Praça do CAN, em frente à Basílica de Nazaré, mas de garças pousadas nas mangueiras eu jamais ouvira falar (e olhe que morei mais de 4 anos em Belém). A vendedora da barraquinha de coco que me atendeu naquele primeiro dia confirmou que diariamente, sempre no fim da tarde, lá vão as garças se posicionar sobre as mangueiras. 

Curiosamente, numa praça perto dali, a do Horto Municipal, onde há duas garças, elas não têm o hábito de ficar sobre as árvores em horário nenhuma. Eventualmente uma delas pousa sobre a cafeteria que existe no local, mas sem hora certa. 

Enfim, mais uma dessas belezas cheias de mistério da Amazônia! 

Maior floresta tropical do planeta, a Amazônia está ameaçada pelo recente decreto presidencial que libera a mineração junto a áreas de proteção ambiental e terras indígenasAssine a petição da Avaaz e impeça que a floresta Amazônica vire um deserto!

  • Ontem, 31.8, depois que eu já havia publicado o artigo Preservar o ambiente por inteiro, o governo federal anunciou a suspensão por 120 dias do decreto que extingue a RENCA, numa evidente manobra para deixar o assunto esfriar após as inúmeras reações vindas de todo o Brasil e até do exterior contra o absurdo de acabar com uma área protegida via decreto. De todo modo, a mobilização continua, vários protestos seguem agendados pelo país e você ainda pode demonstrar seu apoio à causa assinando a petição da Avaaz, linkada acima.