25/01/2018

"Essa foto tu vai vender, né?" (2)

Em agosto de 2016, publiquei aqui no blog um textão tendo como título a pergunta que também intitula este artigo. Resumidamente, lá eu falava de como ouvia com frequência essa pergunta ao fotografar em locais públicos (como estou há seis meses numa cidade turística como Maceió, pode ser que não a ouça mais porque talvez aqui o estranhamento seja menor).

Naquele artigo eu lamentava que, ao contrário que a pergunta leva a supor, não houvesse um mercado real de venda de nossas fotos. Reconheço hoje que estava desinformado - existe o mercado de bancos de imagens. Embora eu já soubesse de sua existência desde 2008, pelo menos, apenas em fevereiro de 2017 fiz minha primeira inscrição em um banco de imagem, no caso, a Shutterstock. Na ocasião, não fui aprovado e só em novembro voltei a tentar aprovação, tanto na Shutterstock quando em outros bancos. Até que, em 21 de dezembro, tive minha primeira foto colocada à venda pela Adobe Stock.

Isto me animou a me inscrever em outros bancos, enquanto eu seguia aguardando pela análise das fotos enviadas à Shutterstock ainda em novembro. Fui percebendo que levam de 24h até uma semana para dar um retorno. Pensei que não faria mal algum enviar novo lote para tentar aprovação na Shutterstock, o que fiz em 16 de janeiro. No dia 18, fui informado de que passava a ser um contribuidor do banco, tendo 5 fotos aprovadas, com uma destas fotos já vendida para um cliente de São Paulo! É a foto que ilustra este textão.

Aproveitei para perguntar à equipe do site se havia previsão de se pronunciarem sobre as fotos enviadas em novembro, ao que me responderam que, talvez devido algum problema técnico, as referidas fotos não constavam para análise no sistema! Talvez tenha havido algum bug (o que é perfeitamente compreensível ao se ter em mente que a Shutterstock recebe milhares de fotos por dia, do mundo inteiro!). Enfim, ressubmeti algumas daquelas fotos - e nenhuma passou (risos).

Nesse processo, que recém começou, já posso dizer que aprendi algumas lições:

1. A possibilidade de venda é real. Afinal, eu já tive uma foto vendida de cara. O que ganhei pode até ser considerado simbólico (40 centavos de dólar), mas neste caso a imagem pode ser vendida inúmeras vezes, bem como todas as outras que eu tiver em meu portfólio, que está em constante crescimento.

2. Você precisa ir atrás dos seus interesses, ninguém mais no mundo irá fazer isso por você (exceto, talvez, a sua mãe). Vejam, eu poderia estar até agora esperando a Shutterstock se pronunciar sobre as fotos de novembro... que eles nem receberam! Teria perdido de me inscrever em outros bancos, talvez, e principalmente de ter sido aprovado e fazer minha primeira venda. Tem alguma dúvida? Pergunte. Os bancos de imagem querem vender tanto quanto você.

3. Esse processo de ter suas fotos analisadas por terceiros é incrível. A maioria de nós tem suas fotos vistas e comentadas apenas por parentes e amigos e/ou os clientes que as encomendaram (quando é o caso). Clientes tendem a ser mais objetivos (afinal estão pagando!), o que não acontece com parentes e amigos... É claro que a análise dos bancos de imagens obedece a certos critérios - eles vão procurar aprovar as fotos que tenham maior potencial de vendas, de acordo com as diretrizes da empresa e principalmente do que os clientes deles estão procurando. Inclusive foi pensando nisso que fiz essa foto de preservativos masculinos, visando ser aproveitada em alguma reportagem falando de prevenção à saúde, ligada ou não ao Carnaval  (o que me levou a submeter a imagem como "editorial" e não "comercial"). Aliás, tive a ideia de submeter a foto à Shutterstock como "editorial" depois que a CanStockPhoto rejeitou a imagem por conter logotipos (mais detalhes no próximo item).

4. Quando você, como eu, trabalha com vários bancos de imagens, acaba compreendendo rápido que ter uma foto rejeitada não é o fim do mundo. Isso não significa que a foto não é boa ou você "não leva jeito" para fotografar. Como disse acima, cada banco analisa conforme seus próprios critérios, o que varia muito. Vamos tomar como exemplo essa mesma foto que vendi na Shutterstock.
  • Ela também foi aprovada por Dreamstime e Motion Elements. 
  • A Adobe Stock a rejeitou por "recusa de propriedade intelectual", entendendo que os logotipos que aparecem na imagem podem gozar de proteção legal, o que impediria ou dificultaria a venda. A CanStockPhoto também a recusou pelo mesmo motivo, mas foi isso que me mostrou a melhor forma de mandar o material para a Shutterstock. 
  • Por fim, a iStock está com a imagem "sob revisão", tendo me aconselhado a remover os logos e submeter novamente (o que não creio que valha a pena fazer, já que a imagem está aprovada em outros três bancos). 

Em resumo: 6 sites analisaram a foto, 3 aprovaram (em 1 ela até já foi vendida) e, nos outros 3 que não a aceitaram, o motivo foi evitar um possível futuro probema envolvendo direitos sobre os logotipos identificáveis na foto, e não qualquer questão referente à qualidade em si da imagem. Considero isto um saldo altamente positivo.
=)


22/01/2018

A Semana nº 45

  • Na quinta, 18, realizei minha primeira venda em um banco de imagens. Através do Shutterstock, um cliente de São Paulo adquiriu esta minha foto - um close num display de distribuição de preservativos, que eu fotografara aqui em Maceió no sábado, 13. Clique no link e conheça meu portfólio nesse que é o maior banco de imagens do mundo. 



  • E na sexta, 19, descobri no site do Dia Mundial da Filosofia que tive esta foto, intitulada Baiana do Acarajé, premiada no recente Concurso Nacional de Fotografias "O Olhar do Pensador: Fotografando Ideias" - 2017, que teve como tema O Trabalho como Ferramenta de Desenvolvimento do Ser Humano e da Sociedade. O concurso foi promovido pela associação Nova Acrópole, com cooperação da representação da Unesco no Brasil. O resultado saiu em novembro de 2017, porém na ocasião eu não fui informado. O concurso premiou 3 fotografias e selecionou outras 17 para fazer parte de uma exposição itinerante, Veja aqui as 20 fotos selecionadas. Todas as fotos participaram de uma exposição itinerante nos meses de novembro e dezembro; o regulamento previa que fossem ao menos 5 capitais brasileiras. Quando eu receber a confirmação de quais cidades a exposição percorreu, informo aqui. 

Salvador, 2015


15/01/2018

A Semana nº 44

Às 5h57 da manhã desta segunda, 15, recebi por e-mail esta notícia que certamente será uma das melhores do ano inteiro: meu curta-metragem Visitando os Tukano-Dessana está na seleção oficial do Cefalù Film Festival!!!

A terceira edição do evento acontece na cidade italiana de Palermo entre os dias 1 de junho e 31 de dezembro. Não tenho no momento maiores detalhes, apenas que meu curta é um dos 100 finalistas e que irá concorrer ao Prêmio Pino Scicolone, no valor de mil euros. 

É a primeira vez que um filme de minha autoria é selecionado para um festival no exterior!

=)


13/01/2018

Coisas do Mundo: Perspectiva



No próximo dia 19, o Trapiche Eliezer Levy, construído sobre o Rio Amazonas, na área central em Macapá, passará a contar com um complexo turístico. Leia mais sobre a programação no site do jornalista Chico Terra

Fiz esta foto do Trapiche no final da tarde de 9 de novembro de 2016, sobre a linha do bondinho que então se encontrava desativado. Na época, após uma reforma acontecida em meados daquele ano, a circulação  de pessoas no Trapiche só era permitida de segunda a sexta. 



11/01/2018

Balanço de 2017

Nunca fui muito afeito a publicar retrospectivas de ano, como contei aqui ao fazer o balanço de 2016. Igualmente venho evitando, mesmo privadamente, fazer "planejamento do ano". Em verdade, tenho metas de vida que independem de data - até porque se você for ver, amarrar metas a datas nem sempre faz muito sentido. Digamos que você se proponha a emagrecer 10 quilos em 2018. Se chegar 31 de dezembro e você perdeu 6, vai fazer o quê? Prosseguir no bom caminho, buscando completar os 4 que ainda faltam, ou abandonar a meta, apenas por ter chegado à "data-limite"? 

Pra mim, 2017 foi um ano bem diferente dos anteriores - em 2015 e 2016, viajei quase 22 mil km pelo Brasil. Já o ano passado teve uma divisão quase salomônica: passei o primeiro semestre em Belém e o segundo em Maceió (com uma ligeira "vantagem" para a capital de Alagoas, já que cheguei aqui em 29 de junho, tendo saído da capital do Pará dois dias antes, de ônibus - o que dá aproximadamente 2.100 km). Foi o primeiro ano desde 2010 em que não estive nenhuma vez em Macapá.


Cursos - Esta divisão do ano em partes iguais passadas em regiões diferentes não foi planejada para ser assim. Saí de Macapá ao final de 2016 pensando em ficar em Belém por pelo menos dois anos. O motivo principal foi meu interesse em fazer um curso de Comissário de Bordo. Ao mesmo tempo em que era uma tentativa (a última, espero!) de fazer algo sem ligação direta com Cultura, Arte e Comunicação, a possível-nova-carreira tinha sim sua ligação com Fotografia. Eu pensava nas possibilidades geradas pelo fato de ter uma escala mensal programada viajando pelo país, podendo usar as folgas para fazer fotos de paisagens, agendar ensaios etc. O curso de Comissário dura quatro meses, mas só consegui fazer o primeiro mês, por questões financeiras - além do curso em si, é necessário fazer uma série de exames, nem todos oferecidos pela rede pública de saúde. 

Além disso, parte do meu orçamento já estava comprometida com outra despesa relacionada a uma futura carreira aérea: o estudo de idiomas. Em janeiro, depois de uma vida como autodidata, fui estudar Espanhol em uma escola pela primeira vez. O teste de nivelamento encaminhou-me já para a etapa Avançada do curso, que comecei a fazer nas tardes de sábado ainda em janeiro; ao final do semestre, completei o curso. Já no Inglês, que eu não estudava formalmente há, talvez, 25 anos (!), o nivelamento me encaminhou para o nível Intermediário, o que significa(va) pelo menos mais dois anos e meio de estudo. Este fator, aliás, foi o principal para eu resolver não retomar o curso de Comissário - até ter a fluência que o mercado exige, já estaria com 48 anos, e sem experiência no ramo aéreo, e o que não faltam hoje no mercado são jovens com o curso e experiência, mandando muito bem no Inglês. Enfim, decidi abraçar de vez meu destino com a Cultura,  a Arte e a Comunicação, tudo que eu sempre fiz que deu certo estava ligado a pelo menos uma destas áreas. 

Minhas aulas de Inglês começaram em abril, aos sábados pela manhã. Consegui encarar dois meses de aulas o sábado inteiro; ao final de maio, optei por sair do Inglês, tanto por incompatibilidade com o programa lecionado quanto por questões administrativas com a escola. Mesmo não almejando mais ser comissário, lógico que vale a pena seguir com o Inglês (fotografar modelos internacionais é um dos meus planos a médio prazo), e opções de onde estudar não faltam. De modo que a vinda a Alagoas, pensada inicialmente apenas para o mês de julho (quando Belém literalmente pára), se transformou em uma mudança, sendo a primeira vez que moro fora da Região Norte nos últimos 7 anos. Por ora, a ideia é ficar aqui até final de maio, pelo menos. 

Rede - 2017 foi o ano em que pela primeira vez encomendei impressos para divulgar meu trabalho como fotógrafo, tanto em Belém quanto em Maceió. A rigor a estratégia em si não funcionou - no sentido de alguém que nunca ouviu falar de mim ver o cartão, me telefonar e me contratar ou ao menos marcar uma reunião. Os ensaios que fiz nas duas cidades foram encomendas de amigos ou acertadas a partir de contatos nas redes sociais (novamente com a liderança do Facebook). 

Foi também o ano em que criei uma rede de representantes que se destinava a captar clientes de ensaio para mim em outros estados. Contei com cinco pessoas fazendo isto, no Amapá, Mato Grosso, Rondônia (capital e interior) e Tocantins, de maio a setembro. Embora a rede não tenha gerado contratações, não abandonei a ideia: pretendo relançá-la este ano, com algumas modificações.



Editais - Um setor no qual posso dizer que as coisas vão bem é em relação a editais. A maior alegria neste campo foi a premiação que recebi no Edital Pauta Livre da Fundação Cultural do Pará, levando a exposição e a mostra de curtas As Tias do Marabaixo para a Galeria Theodoro Braga (Belém), durante um mês (março-abril) - o maior evento já dedicado a meu trabalho. Durante esse período, o cine Líbero Luxardo, também de Belém, exibiu um vídeo-convite da exposição, editado por mim. Ainda por edital, fui selecionado para expor fotos em Macapá e Florianópolis (abril).  

Já na área de Cinema, tive dois filmes selecionados para exibição em festivais: Tia Biló na MILC - Mostra Itinerante Livre de Cinema: Perspectivas Periféricas (Fortaleza, julho) e Visitando os Tukano-Dessana no Cine Tamoio (São Gonçalo, RJ, setembro). Este último curta foi finalizado em abril, a partir de material captado em novembro de 2015 no Amazonas, e está sendo mantido inédito na internet porque decidi priorizar a "janela" dos festivais (o período de 1 a 2 anos em que os festivais aceitam a inscrição de um filme), e alguns deles pedem ineditismo total, inclusive na internet.

O mais estranho em relação a editais foram três vezes em que "ganhei mas não levei". Uma foi de um edital ainda de 2016, mas para ser executado em 2017 - a 1ª Chamada Pública da Casa de Cultura Mario Quintana (Porto Alegre). Tive aprovada a exibição dos cinco curtas da série As Tias do Marabaixo. A CCMQ entrou em contato comigo por e-mail em 4 de janeiro, solicitando um telefone de prefixo 51 com o qual pudesse me contatar (o que é beeeem estranho, já que o edital era nacional). Respondi que eu mesmo poderia ligar, bastando eles me informarem um telefone. Não houve resposta; acabei pegando um número do site mesmo e liguei na semana seguinte; soube então que o responsável pelo edital estava de férias (o que não significa necessariamente que o edital deveria parar, não é?). Deixei recado para entrarem em contato, por e-mail que fosse, o que não aconteceu.

Outro caso no estilo foi o edital nacional de ocupação da Galeria Trapiche Santo Ângelo, de São Luís, para o qual propus uma exposição inédita com fotos da Lagoa da Jansen. Aqui os organizadores nem chegaram a me informar que eu fôra selecionado, eu é que descobri garimpando pela internet, em março, já um mês depois do anúncio do resultado. Houve alguma troca de e-mails pensando numa data para a mostra, mas isto não chegou a ficar resolvido até que a comunicação foi interrompida, ainda em março. De modo que eu achei arriscado preparar o material para expor em São Luís sem saber se a exposição iria acontecer, como de fato não ocorreu.
Atualização 19.1.18: Em contato com a Galeria hoje, ficou acertada uma exposição individual minha no espaço, em data a ser agendada. 

Enfim, lição aprendida: estou descartando os editais em que cabe ao artista uma série de gastos (impressão das fotos, confecção de moldura, transporte das obras, viagem para o local da exposição, eventualmente coquetel na noite de abertura etc), sem uma contrapartida financeira da instituição, e priorizando a inscrição em editais que ofereçam premiação em dinheiro para as exposições selecionadas.

Algo semelhante aconteceu com relação à Oficina de Cinema Independente, selecionada para a  Semana da Diversidade de Ouro Preto e Mariana, que aconteceu nessas cidades mineiras em novembro. Fui comunicado da seleção no final de outubro, porém posteriormente a organização do evento não fez nenhum outro contato. 

Resumo da ópera: fui selecionado em sete editais este ano. O resultado: três exposições, duas exibições de filmes em festivais e dois "vácuos". Só para comparar, em 2016 obtive duas seleções (a da CCMQ e da Mostra Cine Redemoinho, em Angra dos Reis), mas só comecei a me inscrever em editais a partir de setembro. 
Atualização 22.1.18: Tive uma foto selecionada no Concurso Nacional de Fotografias "O Olhar do Pensador: Fotografando Ideias", que gerou uma exposição itinerante. O balanço do ano atualizado, portanto, agora é: seleção em oito editais, quatro exposições e duas participações em festivais. 

Saldo final - Também tive fotos publicadas em jornais e sites de Macapá e Belém, no primeiro semestre, a maior parte em função de estar com a exposição d'As Tias na capital paraense. Fotos minhas também foram utilizadas para divulgação de shows em Macapá e Belém no primeiro semestre.

Um avanço foi a conclusão da edição do livro As Tias do Marabaixo, que desde novembro está com design pronto para a impressão; desde então, tenho inscrito o projeto em editais visando publicá-lo.

Quase ao final do ano, em novembro, resolvi investir na venda de fotos através de banco de imagens. Tive minha primeira foto aprovada para venda pelo Adobe Stock em 21 de dezembro, e desde então já tive meu trabalho aceito por mais 11 sites. Vários outros estão ainda analisando meu material (um deles, inclusive, está fazendo isso há quase dois meses!). Outra coisa que me permiti fazer, também no finalzinho de '17, foi legendar pela primeira vez um curta meu em Espanhol (olhaí como o curso já está demonstrando sua utilidade!); fiz isto para inscrever Tia Zezé no Encontro dos Tambores em um festival internacional. 

Considero o saldo do ano positivo, com excelentes realizações. Em relação aos problemas acontecidos, já identifiquei o que fazer visando um resultado melhor em 2018. E vamo que vamo! 


Fotos inéditas feitas em Maceió 
no segundo semestre de 2017


08/01/2018

A Semana nº 43


Em 26 de dezembro de 2017, o modelo Kaio Murillo publicou em seu Facebook pessoal sua retrospectiva do ano, escolhendo para ilustrar o post esta foto do Ensaio de Aniversário deste blog, onde aparece ao lado da colega Suzan Arraes

Fico muito feliz com o reconhecimento, com certeza tenho muito orgulho deste trabalho, um dos melhores do ano que passou e seguramente um destaque em minha já não tão curta carreira na Fotografia 

=)