28/02/2018

A Semana nº 48

Na sexta, 23, republiquei no blog do Digestivo Cultural o texto Existem vários modos de vencer, que havia postado aqui minutos antes. Foi por causa da republicação, aliás, que o texto ganhou o título definitivo - quando o concluí, ele tinha um título bem maior, que chegou a ser divulgado no Facebook como vemos abaixo. 




23/02/2018

Existem vários modos de vencer!

A ideia de escrever este artigo me ocorreu após publicar aqui no blog - mais exatamente no post A Semana nº 47 - que fiquei em 5º lugar em recente seleção, via edital, para uma exposição em Maceió. Me parece natural divulgar isto em um blog criado para compartilhar informações sobre meu trabalho como fotógrafo e cineasta. Mas é evidente que não desconheço que, numa sociedade competitiva como a nossa, muitos não aprovam, ou ao menos não costumam, compartilhar "derrotas".

Coloco "derrotas" entre aspas porque não considero, a rigor, a aludida colocação no concurso como uma derrota de fato. Havia apenas uma vaga, e como houve cinco candidatos que preencheram todos os requisitos do edital - sendo eu um deles - evidentemente o júri apontou o trabalho que, no seu entender, melhor fechava com a proposta da instituição que abriu a seleção. Onde outros podem ver uma derrota, vejo uma oportunidade de aprendizado. Sim, porque você pode ficar se lamentando - ou pode analisar o resultado e pensar o que poderia ter feito melhor para, numa próxima oportunidade, obter melhor classificação.


Maré baixa na Ponta Verde
- Maceió, 8.10.17


Durante alguns anos no começo desta década, trabalhei como produtor/ produtor associado de alguns profissionais da área da Música, e o tema "editais" era tópico constante nas conversas. Certa vez uma cantora me questionou se valia a pena ela, morando no Sudeste, se inscrever em um festival do Norte, pois o evento não previa ajuda de custo para a viagem. Respondi que valia a pena sim se inscrever, pois era uma grande oportunidade de ter seu trabalho avaliado por profissionais do ramo - como vocês sabem, em geral as opiniões que nos chegam sobre nosso trabalho são de familiares e amigos próximos. Um júri de festival tem uma isenção em relação a nós que parentes e amigos não têm, por mais que possam querer. Obtida uma classificação, ela poderia pensar num modo de viabilizar as passagens. 

Ela aceitou meu conselho, se inscreveu e teve sua música classificada - porém não conseguiu, dentro do prazo, apoio para as passagens. Mas teve como saldo positivo para o fato de ter se inscrito a certeza de que sua música era no mínimo tão boa quanto as outras selecionadas. No ano seguinte, ela se inscreveu em outro festival, desta vez no estado vizinho no qual reside, classificou novamente e conseguiu as passagens a tempo, apresentando-se no evento e sendo muito elogiada - além de ter um vídeo de sua participação publicado no YouTube. Eis aqui outro "efeito colateral positivo" da decisão de se inscrever: muitas portas podem se abrir para você, o que não aconteceria de modo algum se você optasse por não enviar seu trabalho.

Há ainda outro aspecto que me parece altamente positivo em relação a submeter seu trabalho a editais. Você recebe um forte estímulo para pensar sobre o seu trabalho de formas que, ao natural, não faria. E não estou chamando de estímulo a premiação em dinheiro (embora ela claramente seja muito bem-vinda!). Falo exatamente da fase de inscrição, onde muitas vezes você precisa detalhar em textos de certo fôlego aspectos do seu trabalho sobre os quais, muitas vezes, você não parara para pensar racionalmente (isso, ao menos, acontece direto comigo!).

Por fim, determinados editais pedem como contrapartida a realização de alguma atividade aberta à comunidade, o que pode resultar, por vezes, na criação de novos produtos. Foi isto, aliás, que aconteceu no já mencionado edital de Maceió. Uma das exigências era que o artista oferecesse uma oficina ao público. Isto me levou a criar uma oficina de Fotografia, algo em que eu já vinha pensando há algum tempo, já que minha Oficina de Cinema é, reconheço, um pouco dispendiosa, por só poder ser realizada em locais onde haja notebooks à disposição dos inscritos. A nova oficina, da qual falarei neste blog em breve, foi pensada justamente para ser mais fácil de realizar que a de Cinema.

Ora, se participo de um edital e não sou selecionado, mas nesse processo acabo tendo a "chave" que procurava para criar uma nova Oficina, que poderei inscrever em outros editais e também oferecer para contratação por instituições, não vejo como poderia me considerar "derrotado" nesse processo. A vida no geral é bem mais diversa do que as classificações simplórias querem nos fazer crer.
= )


19/02/2018

A Semana nº 47

  • Na sexta, 16, recebi meu certificado online pela participação no Fotovaral realizado pelo Fotoclube de Rondônia, no Espaço Caboclo (Porto Velho), em 27 de janeiro, durante o evento Feijoada Cabocla - a primeira exposição de que participei neste ano! Em 2016, fotos minhas, impressas, já haviam figurado em outro Fotovaral. Desta feita, o Fotoclube optou por apresentar impressas os trabalhos de fotógrafos de Porto Velho, possibilitando a profissionais de outras cidades enviar fotos por e-mail para serem projetadas na parede. A foto que enviei e foi projetada foi esta inédita, que fiz em Belém no ano passado. Agradeço ao Fotoclube de Rondônia o cuidado que teve, convertendo minha foto para as especificações necessárias para a projeção, algo que eu tentei mas não consegui fazer dentro do prazo solicitado.


  • Também na sexta, publiquei no IMDb uma resenha do clássico filme brasileiro Cidade de Deus, de 2002. Ela ainda é a mais recente crítica sobre o filme publicada no site, podendo ser vista logo que você acessa este link

  • E hoje, segunda, 19, pela primeira vez meu nome saiu no Diário Oficial de Alagoas, a propósito do Edital de Concurso Público para Seleção de Projeto de Artes Visuais para ser Exposto na Galeria do Complexo Cultural Teatro Deodoro. O concurso foi aberto pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas para selecionar um único projeto de exposição para a galeria anexa ao teatro, localizado no Centro de Maceió. O edital recebeu onze propostas, seis das quais inabilitadas por descumprimento de itens do edital. De um total de 50 pontos possíveis, o projeto vencedor obteve 50. O meu foi o quinto colocado, com a pontuação de 47,3, ficando 8 décimos atrás do quarta colocada (não é só no desfile de escola de sambas que décimos são importantes para a vitória). O resultado pode ser conferido neste link, na página 27. 

15/02/2018

A Semana nº 46


  • Na sexta, 2 de fevereiro, fiz meu primeiro post de imagem em movimento no Instagram - não se trata de um vídeo, e sim de uma foto do Encontro das Águas, feita em 2015, e "animada"  agora através do programa Gramblr. Veja como ficou!


Uma publicação compartilhada por Fabio Gomes Foto & Cinema (@fabiogomes.fotocinema) em


  • Na quarta, 7, criei nova página no blog Jornalismo Cultural, para divulgar Editais Culturais - neste primeiro momento, Editais de Cinema e de Fotografia. Uma curiosidade é que, até os 44 minutos do segundo tempo, a ideia era criar este espaço neste blog, e não naquele. O que me decidiu a hospedar a página lá é a possibilidade de ampliar, num futuro próximo, o mapeamento para editais de outras áreas, como por exemplo a Literatura. Atualizações semanais às segundas-feiras, ou a qualquer momento em edição extraordinária! 

;)





01/02/2018

Como meu filme foi parar em dois festivais italianos


Em 15 de janeiro, anunciei aqui no blog que pela primeira vez um filme de minha autoria era selecionado para um festival fora do Brasil. Meu oitavo curta, Visitando os Tukano-Dessana, está entre os finalistas do Cefalù Film Festival, que acontece no segundo semestre em Palermo (Itália).

Exatos 15 dias depois, na terça, 30, o mesmo curta foi anunciado como semifinalista do STIFF - por extenso, o San Mauro Torinese International Film Festival, da cidade de San Mauro Torinese, região do Piemonte, também na Itália, programado para maio. Atualização 5.2.18: A lista dos finalistas ainda será divulgada, só então terei a confirmação de que meu filme será ou não exibido no STIFF. 

Jamais em minha vida imaginei que um filme feito sem grandes recursos (basta dizer que toda a captação foi feita com minha já aposentada câmera compacta Nikon S3500) poderia ter esta carreira internacional. De certo modo, posso dizer que editei o filme pensando nisso, em abril do ano passado, mas com o correr do tempo percebi que não seria algo muito simples. Mas também não é algo de outro mundo, né, do contrário eu não teria conseguido. Resolvi então neste textão contar pra vocês como tudo aconteceu.

O filme tem 13 minutos e 4 segundos de projeção, e menos de um quarto deste tempo tem o que se poderia chamar de diálogos. A rigor, há apenas uma frase em português, dita por um índio Tukano-Dessana que atua como uma espécie de mestre-de-cerimônias na aldeia que visitei em novembro de 2015, numa ilha do Rio Negro, próxima a Manaus, e o restante são cantos tradicionais desse povo. Na maior parte do tempo, porém, as danças apresentadas são ao som de flautas de variados formatos e tamanhos, além de alguma percussão, sem canto. 

Pensei então que tinha em mãos um bom material para festivais tanto no Brasil quanto no exterior, e comecei a inscrevê-lo em todos os festivais possíveis. De abril para cá, foram 116 inscrições apenas através de um site, o Film Freeway. Existem outros sites, como o Movibeta, o FestHome e o Click for Festivals, mas considero o Film Freeway mais amigável, além de ser o único que apresentou resultados positivos até o momento. Em tempo: poucos festivais brasileiros utilizam os serviços destes sites, então as dicas a seguir servem mais para quem quer ver seu trabalho exibido no exterior, OK? Sigamos. 

Não tem muito mistério. Você, tendo pelo menos um filme de sua autoria, pode criar uma conta nestes sites e subir todas as informações do filme (dá um certo trabalho no começo, mas isso permite que depois você se inscreva com muita facilidade). Concluído isto, você pode pesquisar os festivais que têm relação com o seu filme. No Film Freeway, você pode pesquisar usando alguns filtros - eu sempre pesquiso festivais com sessões presenciais e festivais online, que não cobrem inscrição e que aceitem documentários. Isto gera uma lista pela qual navego procurando os festivais mais interessantes pro meu filme. Aí bastam alguns cliques e pronto! Sites como os citados têm reduzido a exigência de envio de DVDs pelo Correio, com o risco de custar caro e demorar num envio para o exterior.

Alguns festivais só aceitam filmes sobre determinado tema, ou de diretores do próprio país, ou ainda com até determinada idade. Mesmo assim toda semana há dezenas de novos festivais cadastrados em cada uma das plataformas citadas. O Film Freeway tem uma área do diretor onde você pode ver todos os festivais onde se inscreveu e a atual situação em cada um deles, com cores facilitando uma rápida identificação.
  • A questão da cobrança por inscrição - algo raro no Brasil, praticamente uma praxe no exterior - pesa muito. É comum se cobrar algo em torno de 40 dólares por inscrição. Imaginem se eu fosse pagar 40 dólares para cada um destes 116 festivais - daria "apenas" R$ 14.694,88, pela cotação de hoje. Impensável. Lembrando que a inscrição é não-reembolsável: se seu filme não for selecionado, ou mesmo se você desistir de concorrer, este valor não lhe será devolvido. 

Uma coisa que constatei ao longo desses dez meses é que a questão das legendas é mesmo fundamental. Procurarei ficar atento a isto num futuro curta. Por ora, a meta é aproveitar a chamada 'janela' dos festivais - o período entre um a dois anos após a conclusão de um filme no qual os festivais aceitam sua inscrição. 

Enfim, viram como se inscrever não é nenhum mistério? Claro que ler bem em inglês ajuda (o Movibeta tem versão em espanhol, o FestHome tem versão em português, no caso dos outros o Google Translator taí pra dar aquela mãozinha esperta). Se você tem um ou mais filmes concluídos em 2017 ou mesmo este ano, considere a possibilidade de se cadastrar em ao menos um dos sites mencionados. Faça seu cadastro e depois é só acompanhar as newsletters semanais dos sites, sempre destacando festivais novos e aqueles que estão encerrando as inscrições. 

Pra finalizar, uma dica que ouvi no debate "Curadoria e Crítica nos Festivais - Experiências", do qual participaram os críticos e realizadores Camila Vieira e Eduardo Valente, durante a 8ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, no Centro Cultural Arte Pajuçara (Maceió), em 16 de dezembro de 2017. Diretor artístico do Festival de Brasília, Valente procurou desfazer a imagem negativa que os cineastas pudessem ter dos curadores de festivais - ao contrário do que possa parecer, os curadores apreciam, sim, e muito os filmes inscritos, a questão é que há uma seleção porque não é possível exibir tudo, e nessa seleção cada festival tem seus próprios critérios. Visitando os Tukano-Dessana, que mostra a visita de turistas a uma aldeia indígena, poderia por exemplo entrar num festival cujo tema seja o turismo, mas não em outro que tenha foco em filmes sobre gastronomia. Ser rejeitado por um festival não quer dizer que seu filme seja ruim ou você seja um péssimo cineasta, apenas naquele momento aquele não é o material adequado para o evento, na opinião de quem organiza o evento. Por isso, Eduardo Valente recomenda:

- Se inscrevam nos festivais, e de preferência se inscrevam tão logo abra o período de inscrições. 

Isto porque no início é mais fácil os curadores poderem avaliar com calma seu filme. Mas boa parte dos realizadores deixa pra se inscrever nos últimos dias - há festivais que recebem, no dia do encerramento das inscrições, exatos 50% de todos os filmes concorrentes, e aí já há bem menos tempo hábil para apreciações mais demoradas. 
#ficaadica