A ideia de escrever este artigo me ocorreu após publicar aqui no blog - mais exatamente no post A Semana nº 47 - que fiquei em 5º lugar em recente seleção, via edital, para uma exposição em Maceió. Me parece natural divulgar isto em um blog criado para compartilhar informações sobre meu trabalho como fotógrafo e cineasta. Mas é evidente que não desconheço que, numa sociedade competitiva como a nossa, muitos não aprovam, ou ao menos não costumam, compartilhar "derrotas".
Coloco "derrotas" entre aspas porque não considero, a rigor, a aludida colocação no concurso como uma derrota de fato. Havia apenas uma vaga, e como houve cinco candidatos que preencheram todos os requisitos do edital - sendo eu um deles - evidentemente o júri apontou o trabalho que, no seu entender, melhor fechava com a proposta da instituição que abriu a seleção. Onde outros podem ver uma derrota, vejo uma oportunidade de aprendizado. Sim, porque você pode ficar se lamentando - ou pode analisar o resultado e pensar o que poderia ter feito melhor para, numa próxima oportunidade, obter melhor classificação.
Maré baixa na Ponta Verde
- Maceió, 8.10.17
Durante alguns anos no começo desta década, trabalhei como produtor/ produtor associado de alguns profissionais da área da Música, e o tema "editais" era tópico constante nas conversas. Certa vez uma cantora me questionou se valia a pena ela, morando no Sudeste, se inscrever em um festival do Norte, pois o evento não previa ajuda de custo para a viagem. Respondi que valia a pena sim se inscrever, pois era uma grande oportunidade de ter seu trabalho avaliado por profissionais do ramo - como vocês sabem, em geral as opiniões que nos chegam sobre nosso trabalho são de familiares e amigos próximos. Um júri de festival tem uma isenção em relação a nós que parentes e amigos não têm, por mais que possam querer. Obtida uma classificação, ela poderia pensar num modo de viabilizar as passagens.
Ela aceitou meu conselho, se inscreveu e teve sua música classificada - porém não conseguiu, dentro do prazo, apoio para as passagens. Mas teve como saldo positivo para o fato de ter se inscrito a certeza de que sua música era no mínimo tão boa quanto as outras selecionadas. No ano seguinte, ela se inscreveu em outro festival, desta vez no estado vizinho no qual reside, classificou novamente e conseguiu as passagens a tempo, apresentando-se no evento e sendo muito elogiada - além de ter um vídeo de sua participação publicado no YouTube. Eis aqui outro "efeito colateral positivo" da decisão de se inscrever: muitas portas podem se abrir para você, o que não aconteceria de modo algum se você optasse por não enviar seu trabalho.
Há ainda outro aspecto que me parece altamente positivo em relação a submeter seu trabalho a editais. Você recebe um forte estímulo para pensar sobre o seu trabalho de formas que, ao natural, não faria. E não estou chamando de estímulo a premiação em dinheiro (embora ela claramente seja muito bem-vinda!). Falo exatamente da fase de inscrição, onde muitas vezes você precisa detalhar em textos de certo fôlego aspectos do seu trabalho sobre os quais, muitas vezes, você não parara para pensar racionalmente (isso, ao menos, acontece direto comigo!).
Por fim, determinados editais pedem como contrapartida a realização de alguma atividade aberta à comunidade, o que pode resultar, por vezes, na criação de novos produtos. Foi isto, aliás, que aconteceu no já mencionado edital de Maceió. Uma das exigências era que o artista oferecesse uma oficina ao público. Isto me levou a criar uma oficina de Fotografia, algo em que eu já vinha pensando há algum tempo, já que minha Oficina de Cinema é, reconheço, um pouco dispendiosa, por só poder ser realizada em locais onde haja notebooks à disposição dos inscritos. A nova oficina, da qual falarei neste blog em breve, foi pensada justamente para ser mais fácil de realizar que a de Cinema.
Ora, se participo de um edital e não sou selecionado, mas nesse processo acabo tendo a "chave" que procurava para criar uma nova Oficina, que poderei inscrever em outros editais e também oferecer para contratação por instituições, não vejo como poderia me considerar "derrotado" nesse processo. A vida no geral é bem mais diversa do que as classificações simplórias querem nos fazer crer.
Por fim, determinados editais pedem como contrapartida a realização de alguma atividade aberta à comunidade, o que pode resultar, por vezes, na criação de novos produtos. Foi isto, aliás, que aconteceu no já mencionado edital de Maceió. Uma das exigências era que o artista oferecesse uma oficina ao público. Isto me levou a criar uma oficina de Fotografia, algo em que eu já vinha pensando há algum tempo, já que minha Oficina de Cinema é, reconheço, um pouco dispendiosa, por só poder ser realizada em locais onde haja notebooks à disposição dos inscritos. A nova oficina, da qual falarei neste blog em breve, foi pensada justamente para ser mais fácil de realizar que a de Cinema.
Ora, se participo de um edital e não sou selecionado, mas nesse processo acabo tendo a "chave" que procurava para criar uma nova Oficina, que poderei inscrever em outros editais e também oferecer para contratação por instituições, não vejo como poderia me considerar "derrotado" nesse processo. A vida no geral é bem mais diversa do que as classificações simplórias querem nos fazer crer.
= )
- Quer ficar por dentro dos editais na área de Cinema e Fotografia?
Acesse o blog Jornalismo Cultural!
Nenhum comentário:
Postar um comentário