25/07/2016

Belezas Culturais: Brenda Melo reverencia Tia Chiquinha



Hoje é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. Mulheres negras são protagonistas de boa parte de meu trabalho com foto & cinema - são figuras centrais em todos os meus seis curtas-metragens já lançados, e inúmeras fotos, inclusive dos recentes ensaios fotográficos da Campanha Vamos Sonhar Juntos, que venho publicando aqui. Estava então na dúvida de que foto poderia representar melhor esta data, justamente no dia da semana em que o blog destaca as Belezas Culturais. A dúvida foi eliminada quando constatei também que hoje é o aniversário da cantora Brenda Melo.(que também esteve aqui no post de estreia da seção).

Nascida em Brasília, ainda muito pequena Brenda foi morar com a família no Amapá e hoje encontra-se plenamente identificada com o estado e suas tradições. Em seu trabalho musical, sempre valoriza a pura expressão da musicalidade amapaense, em especial o Marabaixo e o Batuque. Foi muito próxima de Tia Chiquinha (1920-2015), uma d'As Tias do Marabaixo, a quem chamava carinhosamente de "vó".

Enfim, considerando tudo isso, vi que a foto a ser escolhida só poderia ser esta. Ela registra o momento em que Brenda reverencia Tia Chiquinha em pleno palco do Teatro das Bacabeiras (Macapá), na noite de 6 de setembro de 2014. A cantora lançou na ocasião seu CD Tática, cuja faixa de abertura é "Preces, Louvores e Batuques", de Cléverson Baía, com a participação especial do grupo Raízes do Bolão, fundado e mantido pela família de Tia Chiquinha. Para o show, Brenda renovou o convite ao grupo, que assim abriu com ela o espetáculo. Aos 94 anos, esta foi a última vez que Tia Chiquinha apresentou-se em um teatro. 

A foto, feita com a Nikon S3500, foi publicada já no dia seguinte ao show no Som do Norte, um dos apoiadores do show. Outras fotos, incluindo mais uma com Tia Chiquinha, foram incluídas no post com a resenha do show, publicada em 9 de setembro. Além de Brenda, Tia Chiquinha e dançadeiras do Raízes do Bolão, vemos na foto a professora e dançarina Piedade Videira (de turbante vermelho, atrás de Brenda) e, à esquerda, os músicos Fábio Mont'Alverne (bateria) e Taronga (baixo). À direita, Nena Silva (percussão) e Jeffrei Redig (teclado). Esta imagem fará parte do livro As Tias do Marabaixo, ainda em fase de produção.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha é comemorado em 25 de julho desde 1992, sendo esta uma das decisões do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana; o Encontro também criou a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. No Brasil, 25 de julho é também, desde 2014, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, instituído pela presidente Dilma Rousseff pela Lei 12.987. O site da Fundação Palmares informa que

Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.


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