"Amar a profissão não significa
gostar de trabalhar de graça."
- Mary Camata,
jornalista e fotógrafa
gostar de trabalhar de graça."
- Mary Camata,
jornalista e fotógrafa
Um dos mantras da sociedade atual é “Você deve fazer o que gosta”. Há até quem atribua ao chinês Confúcio a frase “Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida” – sem levar em consideração que há 2.700 anos não existia o modelo atual de trabalho assalariado.
Não conto nenhuma novidade ao dizer que nem sempre você conseguirá se manter fazendo só o que gosta. Isto porque existe uma tríade que preside qualquer trabalho que nos proponhamos a fazer: afinidade, maestria e demanda.
Por afinidade, designo a inclinação que tenhamos para uma atividade específica – é o mais próximo do tal conceito de “amar o que se faz”. Vamos a um exemplo pessoal: sempre apreciei MPB, o que me levou a lançar, em 2002, um site de jornalismo musical, o Brasileirinho, onde comentava shows e abordava aspectos históricos da música brasileira. O site teve boa audiência durante algum tempo, mas já não repercutia muito nos últimos anos, até sair do ar no último dia 17.
O fato de ele ter repercutido e tido uma boa audiência por vários anos indica que obtive maestria em sua execução. Esse conceito está ligado à forma como executamos o que nos propomos. Tenho toda certeza que ao comentar um recital de violão me saio muito melhor do que se fosse tocar em público aquelas peças de Segovia e Villa-Lobos. Só amor à música poderia não ser suficiente, seria necessário muito tempo de estudo e mesmo talento. Pois é, (só) querer não é poder!
Por fim, temos a questão da demanda, a mais decisiva. Que mercado existe para quem comenta shows? Nunca um artista me contratou para resenhar um show seu. Já com fotografia as chances aumentam muito - o artista X vê você fotografando o show da cantora Y, ou vê as fotos que você fez publicadas por aí, gosta e lhe chama pra registrar a apresentação dele, artista X, mas também não é a toda hora.
Portanto, por mais que eu tenha afinidade com o jornalismo musical, e acredite ter maestria em sua execução, estou consciente de que a demanda que ele gera é muito pequena, tornando impossível que eu possa me manter apenas com ele.
Se você consegue fazer bem (maestria) o que gosta (afinidade) e isso tem uma boa procura (demanda), que ótimo! Mas e se não tiver? Há que buscar alguma outra coisa que tenha demanda e em que você tenha maestria (ou se não tem hoje, possa vir a ter, fazendo um curso, por exemplo) e com a qual você encontre afinidade - ou, no mínimo, que faça sentido para você.
Não conto nenhuma novidade ao dizer que nem sempre você conseguirá se manter fazendo só o que gosta. Isto porque existe uma tríade que preside qualquer trabalho que nos proponhamos a fazer: afinidade, maestria e demanda.
Por afinidade, designo a inclinação que tenhamos para uma atividade específica – é o mais próximo do tal conceito de “amar o que se faz”. Vamos a um exemplo pessoal: sempre apreciei MPB, o que me levou a lançar, em 2002, um site de jornalismo musical, o Brasileirinho, onde comentava shows e abordava aspectos históricos da música brasileira. O site teve boa audiência durante algum tempo, mas já não repercutia muito nos últimos anos, até sair do ar no último dia 17.
O fato de ele ter repercutido e tido uma boa audiência por vários anos indica que obtive maestria em sua execução. Esse conceito está ligado à forma como executamos o que nos propomos. Tenho toda certeza que ao comentar um recital de violão me saio muito melhor do que se fosse tocar em público aquelas peças de Segovia e Villa-Lobos. Só amor à música poderia não ser suficiente, seria necessário muito tempo de estudo e mesmo talento. Pois é, (só) querer não é poder!
Por fim, temos a questão da demanda, a mais decisiva. Que mercado existe para quem comenta shows? Nunca um artista me contratou para resenhar um show seu. Já com fotografia as chances aumentam muito - o artista X vê você fotografando o show da cantora Y, ou vê as fotos que você fez publicadas por aí, gosta e lhe chama pra registrar a apresentação dele, artista X, mas também não é a toda hora.
Eu (de camiseta verde) fotografando o show Zulusa,
de Patrícia Bastos - Macapá, 3.8.14 - (foto: Chico Terra)
de Patrícia Bastos - Macapá, 3.8.14 - (foto: Chico Terra)
Se você consegue fazer bem (maestria) o que gosta (afinidade) e isso tem uma boa procura (demanda), que ótimo! Mas e se não tiver? Há que buscar alguma outra coisa que tenha demanda e em que você tenha maestria (ou se não tem hoje, possa vir a ter, fazendo um curso, por exemplo) e com a qual você encontre afinidade - ou, no mínimo, que faça sentido para você.
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