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25/06/2017

2017: O Novo Sempre Vem

Encerro hoje a série de republicações de textos saídos apenas no blog Cinema Independente na Estrada, que mantenho no Digestivo Blogs, com este artigo publicado em 11 de fevereiro e acessado 379 vezes até hoje (veja aqui a versão original). Pincei o título de um verso da canção "Como Nossos Pais", de Belchior, um dos maiores nomes da MPB, que faleceu poucos meses depois, em 30 de maio. Escrito em Belém, o texto aborda as mudanças pelas quais vêm passando os editais dos festivais de cinema no Brasil e mesmo no mundo. O vídeo citado do poema "Vê se Vê" ganhou nova edição, agora no formato nanometragem (filme com menos de 1 minuto) - assista

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Inicialmente, quero me desculpar com quem me honra com o acesso a esse blog que ficou meio abandonado nos últimos meses. Em parte porque (reconheço) tenho me dedicado mais a outro blog com tema semelhante - o Fabio Gomes Foto & Cinema. Pretendo, a partir deste post, voltar a manter uma regularidade de publicações aqui também.

No post anterior, 10.049 km pelo Brasil, fiz um balanço da minha mais recente viagem pelo Brasil, que acabou em setembro do ano passado. A ideia, então, é fazer uma rápida atualização desses cinco meses.

Em setembro, tive um convite para exibir um dos meus curtas da série As Tias do Marabaixo, Tia Chiquinha, num evento no Rio de Janeiro. Porém houve contratempos técnicos que impediram a exibição, de modo que minha estreia como cineasta no Sudeste teve que esperar um pouco mais - foi em 11 de novembro. O curta Tia Biló, também da série d'As Tias, foi selecionado via edital para fazer parte da Mostra Cine Redemoinho, realizada no Instituto de Educação da Universidade Federal Fluminense, durante o 2º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis (RJ). Mais que ser selecionado, meu curta teve a honra de abrir a mostra, sendo o primeiro a ser apresentado no primeiro dia, dedicado aos temas "Gênero, Sexualidades e Afrodescendência". Foi o único filme da Região Norte no evento, e também foi a primeira vez que um filme meu foi selecionado para exibição em uma mostra! Já em dezembro tive aprovada pela Casa de Cultura Mario Quintana a inclusão da exibição de todos os cinco filmes da série em sua programação de 2017 (datas serão anunciadas oportunamente).

Isto me prova que é preciso acreditar sempre e mandar o trabalho para todos os canais possíveis - o que não faltam são festivais no Brasil e no exterior. Nem cinema nem fotografia têm enfrentado a diminuição do volume de editais abertos, como tem acontecido com outras linguagens artísticas a partir da posse do atual governo federal.

Bueno, mas é evidente que não basta apenas se preocupar em exibir ou inscrever os filmes que você faça. É necessário estar sempre produzindo material novo. E por quê? Por causa da chamada "janela" dos festivais. Quando comecei a me inscrever regularmente em editais de cinema, no final de 2015, a maioria dos festivais aceitava produções feitas a partir de 2012 ou 13 (ou seja, filmes produzidos nos últimos dois ou três anos). Ao retomar essa prática, no final do ano passado, constatei que agora os festivais pedem filmes produzidos no próprio ano, quando muito no ano anterior! Ou seja, a "janela" diminuiu. Cheguei a comentar isso com um colega do curso de Introdução à Montagem Cinematográfica, ministrado por Renato Vallone no SESC Araxá (Macapá) em novembro; o colega falou que os festivais têm diminuído a janela devido ao aumento da produção independente, em especial de curtas. Se continuassem recebendo filmes de até três anos, o volume de material a ser analisado agora seria absurdo. Enfim, é compreensível, mas acaba de algum modo... eu não queria usar a palavra "prejudicando", mas enfim... acaba nos tirando da zona de conforto. Nós, cineastas independentes, precisamos ter em mente que, tão logo concluamos um filme, devemos inscrevê-lo logo em todos os festivais possíveis e imagináveis, porque muito possivelmente no ano seguinte ele já não será aceito.




Pensando nisso, tenho remexido meus arquivos em busca de material filmado que ainda esteja inédito (e acredite, tem muuuita coisa). Não importa se você filmou em 2014, se editar e lançar o material em 2017 ele será considerado um filme de 2017. Os primeiros frutos dessas remexidas nos arquivos viram a luz em outubro. São dois vídeos em que a Poeta Amadio declama dois poemas seus que fazem parte do CD Bem que Podia: Vê se Vê e Nuvem, filmados durante apresentação do grupo de que ela faz parte, o 3DNós, em novembro de 2015 em Porto Velho. A ideia é seguir editando novos curtas & vídeos ao longo do ano, seja para veicular na internet, seja para inscrever diretamente em festivais (alguns exigem ineditismo total para a inscrição).


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