19/11/2016

Belezas Culturais: Homenagem a Zumbi dos Palmares

Amanhã, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra, considerado feriado em um de cada cinco municípios brasileiros (oxalá em breve se torne feriado nacional). A data lembra o assassinato, em 1695, do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi.

Nascido livre em 1655, na Serra da Barriga, atualmente parte do estado de Alagoas, Zumbi foi escravizado aos 6 anos de idade, vendido a um missionário português, que o batizou e lhe deu o nome de Francisco. Em 1670, escapou ao cativeiro e foi para Palmares, onde se destacou logo por suas habilidades estratégicas e militares. Expedições portuguesas enviadas ao quilombo em 1673 e 1675 esbarraram no firme comando de Zumbi.

Em 1678, o governador da capitania de Pernambuco (em cujas terras ficava o quilombo), Pedro Almeida, ofereceu um acordo ao então líder do quilombo, Ganga Zumba: Almeida garantia a liberdade aos negros, mediante a submissão de Palmares a Portugal. Ganga Zumba se mostrou favorável, mas Zumbi se opôs fortemente, pois almejava a liberdade para todos os negros trazidos da África para o Brasil e seus descendentes aqui nascidos. Seguiu-se então um período de disputa interna em Palmares, com Zumbi vencendo e tornando-se o novo líder do quilombo. Sob sua liderança, Palmares, que em 1630 registrara 2 mil habitantes, chegou a ter uma população de 20 mil em 1678.

Os portugueses seguiram atacando o quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694, as forças comandadas pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho destruíram Palmares, após a firme resistência de Zumbi por 22 dias. O líder negro, mesmo ferido, conseguiu escapar e se manteve escondido, possivelmente na área da Serra Dois Irmãos, que hoje faz parte do município de Viçosa, Alagoas. Delatado por Antônio Soares, Zumbi foi cercado por 20 soldados e executado em 20 de novembro de 1695. Sua cabeça foi cortada, salgada e enviada ao Recife, onde o governador Melo de Castro a deixou exposta na Praça do Carmo, tanto para desmentir a suposta imortalidade de Zumbi (crença popular que se reafirmava a cada vez que as tropas portuguesas eram derrotadas ao tentar tomar Palmares) quanto para desencorajar novas rebeliões - isto era comum no período colonial, o mesmo acontecendo com Tiradentes, em 1792. O costume chegou até o século passado, com as cabeças dos cangaceiros do bando de Lampião, derrotado em 1938, também expostas em local público.  

Em 1995, 300 anos após a execução de Zumbi, o Movimento Negro Brasileiro adotou o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra, que a partir dali passou a ser decretado feriado em vários municípios e Estados brasileiros. 


As fotos do post são do monumento intitulado Homenagem a Zumbi dos Palmares, de autoria da artista Márcia Magno, e que se encontra na Praça da Sé, em Salvador, onde o fotografei em 20 de agosto de 2015. 

A estátua tem 2,20m de altura e é fundida em bronze, estando assentada sobre uma base de mármore negro. Cada face da base tem uma placa. A que se vê na foto que encerra o post assinala a inauguração do monumento em 30 de maio de 2008. Seguindo para a direita, há uma placa com a biografia de Zumbi; outra com a letra de "Zumbi, a Felicidade Guerreira", música de Gilberto Gil e Waly Salomão escrita para o filme Quilombo, de Cacá Diegues (1984) - nesse vídeo, você ouve a música e vê a abertura e cenas do filme, tudo legendado em inglês. A última placa descreve a escultura, destacando que Zumbi porta "uma lança de caça e um gládio, cópia fiel do 'Mukwale', peça preciosa, utilizada por grandes guerreiros cuja decoração do cabo representa o chefe tradicional em pé e atento a qualquer circunstância".

Em 2011, réplica da obra foi doada por Márcia Magno ao Museu Afro Brasil, de São Paulo.

  • Leia no blog da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial em Alagoas entrevista de Márcia Magno à Folha da Bahia em 2008, comentando a concepção e execução do monumento. 
  • Márcia Magno também é autora do busto de Dorival Caymmi cuja foto já publiquei aqui no blog, neste post.



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