Anteontem, chegou ao final a maior exposição já feita unicamente com trabalhos meus - As Tias do Marabaixo, na Galeria Theodoro Braga (Centur), em Belém.
(A maior, com toda a certeza. Confesso que já não recordo quantos dias durou, nem quantas fotos tinha minha primeira individual, intitulada Descobrindo a Cidade, realizada em Porto Alegre no ano 2000, mas creio que deva ter durado uma semana, e certamente teria menos de 18 fotos, o número das imagens que estavam em exposição no Centur. Mesmo considerando as exibições anteriores do mesmo material, a exposição recém-finda foi a maior, quer se considere as realizadas em Macapá em 2014 - no Amapá Garden Shopping foram exibidas apenas 16 imagens, durante 17 dias; a mostra na Fortaleza São José de Macapá durou 10 dias -, quer se tome como parâmetro as exibições em outros estados no ano seguinte, abertas ao público em geral - em Paraíso e Salvador, a mostra durou apenas um dia.)
A exposição iniciou em 15 de março. Como a Galeria Theodoro Braga não funciona aos finais de semana, foram ao todo 21 dias de exibição. Sendo morador do mesmo bairro onde a galeria está situada, pude estar presente na grande maioria desses dias, geralmente uma hora e meia no final da tarde. Foi em um desses dias, no intervalo entre uma visita e outra, que me dei conta de que a exposição (não a minha, falo do evento cultural em si) é, ela própria, uma forma de arte!
Explicando: em uma exposição, o público não aprecia apenas o trabalho do artista, mas também tem acesso à abordagem da equipe curatorial, que é algo único, criado especificamente para aquele período, a ele só sobrevivendo na forma de registros. Tentando achar um paralelo, só me ocorrem performances teatrais ou musicais.
Vejam o magnífico trabalho que a equipe de iluminação da Galeria Theodoro Braga (João Paulo do Amaral e Ricardo Andrade) fez com esta foto.
A imagem, que mostra dona Natalina beijando a coroa do Divino Espírito Santo durante o Cortejo da Murta de 2014, recebeu uma iluminação que, como comentei com a equipe, a deixou com um aspecto de vitral de igreja colonial, totalmente condizente com o tema religioso retratado. Também contribuiu para o impacto o fato de esta foto, por ser a única vertical de todas as 18, ter ficado isolada das demais, a meio caminho entre o ambiente de entrada (onde havia apenas fotos) e o ambiente mais interno da galeria (transformado praticamente numa sala de cinema). A ambientação pode, portanto, agregar significados às obras expostas, constituindo pois um diálogo entre a curadoria e o trabalho do artista, fazendo com que o todo acabe sendo maior que a soma das partes!
A "sala de cinema" já estava instalada no local, por ter feito parte da mostra anterior. Encontrei o ambiente assim no dia da reunião para acertar os detalhes da exposição, e Eliane Moura (responsável pela expografia, juntamente com João Paulo do Amaral) disse que seria possível mantê-la para a exibição dos 5 curtas-metragens do projeto, o que achei ótimo. (Uma curiosidade: como o conjunto de curtas tem pouco mais de 22 minutos, estimo que cada um deles foi exibido em torno de 650 vezes ao longo dos 21 dias que durou a exposição!). Por mais que sempre disponibilizemos nossos trabalhos audiovisuais na internet, é evidente que não há porque abrir mão da exibição em uma tela; a experiência fica disponível para quem dela possa usufruir, e de todo modo o trabalho segue acessível no YouTube. Sou da opinião de que quanto mais frentes de acesso melhor.
Estudantes de Belém assistem na galeria ao curta em homenagem a Tia Chiquinha - 20.3.17
Outro desdobramento que a exposição teve, e que eu nem podia imaginar, foi a exibição no Cinema Líbero Luxardo (também localizado no Centur), durante 22 dias, de um vídeo-convite que incluía todas as 18 fotos da mostra. Abaixo, um registro que fiz da exibição do vídeo antes de uma sessão do cinema, em 24 de março.
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