A pergunta do título causou espanto a você? Sempre foi você mesmo e/ou alguém de sua família que tirou as próprias fotos nas férias, e contratar alguém para fazer isso nunca lhe passou pela cabeça? Certamente não terá sido espanto maior do que senti hoje ao ler o artigo assinado apenas como "Da Redação" e publicado na seção "Dicas de Fotografia" do site iPhoto Channel: A nova moda de contratar fotógrafos profissionais para acompanhar turistas.
Fiquei espantado sim, por pelo menos dois motivos. O primeiro é por ver um site de uma editora de livros didáticos sobre Fotografia chamar de "moda" uma possibilidade de trabalho para nós fotógrafos - a rigor, os potenciais clientes da empresa que publicou a matéria! Soa como se o tema abordado fosse uma excentricidade qualquer. O segundo motivo para espanto é que o mesmíssimo site iPhoto publicou, há pouco mais de um mês (21 de julho) artigo assinado por Cid Costa Neto intitulado Uma empresa que proporciona fotógrafos particulares para a sua viagem - vamos relevar que daquela feita o artigo tenha saído na seção "Curiosidades"...
Inclusive relendo o artigo de Costa Neto encontrei mais um motivo para espanto em relação ao texto de hoje - o site El Camino, tema do texto de julho, foi solenemente ignorado na matéria de hoje. Passa a impressão que a redação não lê/consulta o próprio site!
Bem, apesar do caráter de curiosidade/excentricidade/moda que o site da iPhoto queira passar, este é um caminho, sim, para fotógrafos profissionais em todo o mundo, e há alguns sites que já estão investindo em ser uma ponte entre viajantes e fotógrafos. Além do El Camino (que aqui na América do Sul atua apenas na Colômbia) e do Flytographer (mencionado hoje pela iPhoto e que tem apenas duas brasileiras, do Rio de Janeiro, credenciadas), há ainda o ShotMyTravel (algo como Fotografe minha viagem), que tem brasileiros credenciados em Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Vale citar também o WeClickYou, com fotógrafos cadastrados em 17 cidades do Brasil. Uma iniciativa nacional, o site Panggea, entrou no ar em julho para captar fotógrafos interessados em se cadastrar. Cheguei a mandar meu material, porém no momento a página se encontra fora do ar.
Estou certo de que estamos falando de uma tendência/vertente de mercado e não de uma "modinha" passageira - tanto que, no meu novo cartão de visita, o primeiro serviço que menciono é a fotografia de passeios. Aliás, um dos meus objetivos ao mudar para Maceió foi justamente este - prestar este serviço ao crescente e contínuo fluxo de turistas que visitam a capital alagoana o ano inteiro.
Evidentemente que tenho consciência de que há quem queira tirar as fotos das próprias férias e não vê porque gastar com isso. Tudo bem, não é porque muita gente prefere cozinhar em casa que os restaurantes irão fechar as portas, não é? Sempre haverá aquelas pessoas que querem ter como recordações fotos de boa qualidade, em que todos da família apareçam (o membro da família que faz as fotos sempre fica de fora das imagens) e também sem ter que se virar com o difícil equilíbrio do pau-de-selfie (responsável por muitas imagens tortas que você vê no Instagram).
Para se ter uma ideia do potencial deste mercado, logo na semana que cheguei a Maceió - antes portanto de fazer qualquer anúncio dos meus serviços -, quando ainda estava num hostel, fui contratado por um rapaz que se hospedou no mesmo quarto que eu para tirar fotos suas na praia da Ponta Verde, imagens estas que ele logo postou no Facebook. Nos hotéis onde tenho deixado meu cartão, costumo escutar que os hóspedes sempre perguntam por fotógrafos locais, mas que, fora eu, nenhum deles tem o costume de deixar contato nos hotéis. Pra encerrar, relembro aqui trecho do texto sobre o incrível Um dia na praia em Maceió:
Aproveitei para fazer uma rara imagem do letreiro [Eu amo Maceió] sem ninguém, e nisso um casal com um bebê chegou e pediu para eu fotografá-los com o celular deles. Missão dada, missão cumprida!
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