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16/11/2017

Botando o acervo pra jogo

Quem acompanha regularmente este blog pode ter percebido que tenho postado menos - o que de modo algum significa que tenha perdido o interesse pelo blog, ou por Fotografia de um modo geral (muito antes pelo contrário!!!). Este é, digamos, um outro lado da liberdade de se ter um blog da qual falei na recente entrevista a Fernanda Pompeu: ter um blog possibilita postar muito, postar pouco ou mesmo não postar nada pelo tempo que o blogueiro achar melhor. Eu ao menos sou radicalmente contra postar algo apenas por postar. É o mesmo que, em entrevista à VEJA no começo de 1986, Herbert Vianna louvou em Chico Buarque: só gravar quando sente que tem algo a dizer (a mesma atitude que inspirou Os Paralamas do Sucesso a espaçar o lançamento de seus discos a partir de meados dos anos 1990). 




É evidente que, em se falando de Fotografia, o ter algo a dizer difere um pouco, por exemplo, de quando priorizei as entrevistas no blog Som do Norte, entre 2014 e 2015 - se o entrevistado não responde, ou mesmo não envia as respostas na data combinada, você de fato não tem o que postar. Felizmente, com o tamanho do meu acervo fotográfico, de fato não corro esse risco (risos). Lembro que, ano passado, em São Luís, quando comentei com uma amiga a ideia de criar este blog, uma das perguntas dela foi sobre se eu tinha muita foto guardada (resposta: simmmm!), e a outra era se eu pretendia continuar fotografando (resposta: simmmmmmmm!), donde concluímos que não seria por falta de material que o blog não iria pra frente. 

O relativo "vácuo" recente foi ocasionado porque eu estava focado em finalizar meu primeiro livro de fotos, As Tias do Marabaixo - Cultura Tradicional do Amapá em Fotografias, uma seleção de imagens que fiz em festas de Marabaixo em Macapá entre 2013 e 2016, mais a repercussão do projeto até julho de 2017. O projeto estava parado desde o começo de 2016; há quase um ano, quando retornei a Macapá, tentei retomá-lo, o que de fato só foi possível a partir de agosto, já aqui em Maceió. Revisei o texto inteiro, reeditei algumas fotos da parte já pronta (que ia até 2015), acrescentei material referente a 2016 e 2017 e revisei o layout da obra, elaborado pelas designers Laryssa Tavares e Ana Lidia Moraes, de Goiânia. O livro portanto está pronto para edição, cabendo-me agora ir em busca de recursos para publicá-lo.

É aqui que o já mencionado imenso acervo de imagens que já produzi pode se revelar de grande valia, nos vários sentidos da palavra. Afinal, é geralmente ao acervo que um fotógrafo recorre ao elaborar projetos de exposições, ao se inscrever em concursos e editais, e ainda para a venda em bancos de imagens. Isto acontece porque dificilmente é exigido que a foto tenha sido produzida recentemente, ao contrário do que se pede em festivais de cinema. A rigor, você só precisará produzir fotos especificamente para determinado concurso caso você não tenha nada mesmo sobre o tema exigido. Daí a importância de, paralelamente ao trabalho com ensaios fotográficos, o fotógrafo produzir imagens também para si.

Esta produção "para si" é que possibilitará desenvolver projetos autorais como livros e exposições, e sustentará a oferta de fotos em bancos de imagens e concursos - enfim, botar o acervo pra jogo. 


:) 

* Ilustrando o post, duas fotos feitas no Parque Estadual 
Lagoa da Jansen, em São Luís, em junho de 2016


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