09/03/2017

26 anos de Fotografia

No final de fevereiro, completei dois anos de atividade como cineasta (a contar do lançamento do primeiro curta, Tia Zefa no Dia da Consciência Negra 2014) - recentemente contei essa história aqui no blog. E agora no começo de março, completo 26 anos de atividade como fotógrafo profissional. O marco inaugural é o começo do meu trabalho como repórter no jornal Semanário, de Bento Gonçalves (RS) - outra história já contada aqui.





 


Não há mais como saber a data correta; na minha carteira de trabalho consta a data de 4 de março de 1991, mas, assim como em todos os meus outros empregos registrados, foi lançada não a data em que efetivamente comecei a trabalhar na empresa, e sim a data em que o Departamento de Pessoal processou o registro (certa vez fiz uma estimativa e concluí que, em média, nesse processo o empregado geralmente perde 6 dias. Mas como você está iniciando uma relação de trabalho que espera ser duradoura, e até pelo medo de ser demitido, geralmente acaba deixando passar). 

Trabalhei no jornal durante três meses, fazendo reportagem geral e produzindo fotos para cada matéria, além de assinar uma coluna (geralmente uma crônica satirizando fatos do momento, ao estilo do que Carlos Eduardo Novaes fazia desde os anos 1970 no Jornal do Brasil). Ainda contratado do jornal, fiz um curso de iniciação à fotografia com Sergio Zanchetti, grande profissional bento-gonçalvense, já falecido. No mesmo ano, adquiri uma câmera Zenit (posteriormente comprei outra idêntica; doei ambas, há cerca de dez anos, à minha amiga e colega Ana Lira, de Pernambuco). Pouco tempo depois, ganhei de minha mãe minha primeira Canon. Com esse equipamento, fiz bastante coberturas de escolhas de rainhas de escolas de Bento. No período em que estudei Jornalismo na Unisinos (1990-94), tive como professor de Fotografia o renomado profissional porto-alegrense Rogério Soares. Cheguei a me registrar como fotógrafo no INSS para contribuir para minha aposentadoria - a contribuição durou um ano (1993-94), já que dependia da emissão de um alvará na Prefeitura de Bento, e o valor de renovação era proibitivo, numa época em que ainda existia hiperinflação no Brasil. 

Em 1994, voltei a morar em Porto Alegre, de onde saíra 18 anos antes, e praticamente me especializei em registrar as Belezas Culturais e Belezas Naturais da capital gaúcha, até aproximadamente 2002. A partir deste ano, com o lançamento do meu primeiro site, o Brasileirinho, o jornalismo cultural passou a ser a minha principal atividade pelos 13 anos seguintes. Embora eu nunca tenha parado de fotografar, na virada do século diminuí bastante a produção, pois se vivia uma fase de transição - a foto analógica perdia espaço para a digital, cujos custos ainda eram bastante elevados, mas por outro lado revelar um filme preto-e-branco já era quase inviável em Porto Alegre. 

A primeira vez que participei de uma exposição foi em 1992, durante o Encontro da Fotografia, realizado no Hotel Dall'Onder, em Bento Gonçalves. Embora o nome não indique, tratava-se de um concurso, onde você inscrevia sua foto para concorrer a uma premiação em dinheiro - no caso, minha imagem de um antigo casarão de Monte Belo, hoje município de Monte Belo do Sul, recebeu uma menção honrosa. Porém eu soube de um jurado do concurso, amigo de minha família, que minha foto quase ficara em primeiro lugar; parte do júri queria a minha foto e outra parte a que efetivamente foi premiada. Pela lógica, eu deveria ficar com o 2º lugar, não é? Porém ele me disse que eles foram fechando primeiro a premiação menor (já não recordo se o 5º, ou o 3º lugar), e depois escolhendo as restantes. De modo que quando a minha deixou de receber o 1º lugar, já havia outra definida como sendo a segunda colocada.

Já em 2000, realizei minha primeira exposição individual de fotos, intitulada Descobrindo a Cidade. As imagens selecionadas mostravam locais conhecidos da capital gaúcha, porém sob ângulos inusitados ou revelando aspectos desconhecidos de boa parte da população (o mote que até hoje trabalho sob o nome de Coisas do Mundo). A mostra foi realizada no saguão da Faculdade de Biblioteca e Comunicação (Fabico) da UFRGS, onde me formei em Jornalismo no ano seguinte. 

Infelizmente, conservei muito pouco da minha produção fotográfica do século passado. Parte se perdeu nas minhas inúmeras mudanças de residência, outro tanto foi doado a amigos quando saí de Porto Alegre para morar em Belém em 2010 - quando você atravessa o país, necessita levar o menor peso e/ou volume possível. Neste post você vê uma das fotos que sobreviveram, de 1999, registrando o debate de Chico Buarque com Luis Fernando Verissimo.

Meu acervo mais recente, mais especificamente a partir de 2005, foi conservado, por incrível que pareça.... graças às redes sociais! Gracias, Orkut, Flickr e Facebook! Inclusive, há algum tempo, cogitei de excluir minha conta pessoal do Facebook e criar outra, porém me dei conta de que desta forma perderia todas as informações relativas às fotos postadas. Manter a conta com certeza era bem mais simples que copiar todos os dados ;)

As imagens que ilustram este post são fotografias de cartuns meus produzidos a partir de fotos. A que abre o post representa a Usina do Gasômetro, centro cultural que funciona em um prédio que abastecia Porto Alegre de energia elétrica no começo do século passado. O cartum é de 1999 e participou de uma exposição na Câmara de Vereadores.

Já o cartum que fecha o post representa o Desfile Farroupilha, tradicional evento que acontece todo dia 20 de setembro, marcando a data em que Porto Alegre foi tomada pelos farrapos em 1835. Representei o trecho do desfile que passa pelo Viaduto dos Açorianos, tendo ao fundo o prédio do Centro Administrativo do Estado, informalmente chamado pelos gaúchos de delírio dos skatistas. É um desenho de 2000. 






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