Almirante fixou portanto nesta
conferência não apenas o modo como Hilária Batista de Almeida
seria conhecida pela posteridade - seu apelido variava até então
entre Ciata, Asseata, Assiata, Siata, Seata e Asseiata - mas também o seu
caráter de uma anfitriã do samba, aspecto ao qual foi sendo dada
gradativamente maior importância à medida em que "Pelo Telefone"
deixou de ser considerado apenas o primeiro samba gravado, para ser apontado como
o primeiro samba a ser composto. Passa-se então a se referir a casa de
tia Ciata, ou mais especificamente o seu quintal, como "o berço do
samba", e nisso se resume quase tudo o que dela tem sido dito (inclusive
poucas vezes se tem buscado apontar as causas que tornariam sua casa tão
especial).
Muitos outros sambas foram gravados e muitos mais ainda
compostos antes do "Pelo Telefone", que, deste modo, não tem
como ser considerado um "ponto inicial" do samba, embora seja inegável
seu papel histórico de ter sido o primeiro samba a fazer grande sucesso
no Carnaval carioca, sendo cantado em toda a cidade, e não apenas no círculo
que o gerou, como era comum até então. Felizmente o valor de tia
Ciata não se resume a seu hipotético papel de ser a dona do quintal
"berço do samba".
Embora da pessoa, mesmo, de tia
Ciata poucas informações circulem, a simples menção
do seu nome desperta um sentimento positivo em quem ouve. Certamente foi por isso
que os cariocas Leandro Braga (pianista), Carlinhos Sete Cordas (violonista) e
Armando Marçal, Marcelinho Moreira, Ovídio Brito e Zero (percussionistas)
deram o nome de "Tia Ciata" a seu grupo de samba instrumental.
Não
foram nada positivas, porém, as menções que o jornalista
João do Rio fez a tia Ciata na Gazeta de Notícias em 1904.
Ele publicou nesse jornal carioca uma série de textos sobre as diversas
práticas religiosas existentes então na capital federal. Estes textos
são considerados hoje o marco inicial da reportagem no Brasil - pela primeira
vez um jornalista saía da redação e ia às ruas em
busca do assunto sobre o qual escreveria. Só o fato de os textos terem
sido publicados no mesmo ano em livro (intitulado As Religiões do Rio)
e de este ter merecido uma segunda edição (fato raro na época)
já em 1906 atesta seu sucesso.
A série abre falando dos
cultos afro-brasileiros (qualificados por João do Rio como "feitiços").
Tia Ciata aparece como Assiata em três desses textos: "As Iauô"
(12 de março), "O Feitiço" (14 de março) e "A
Casa das Almas" (16 de março). O autor a considera uma "feiticeira
de embromação", que fingia ser mãe-de-santo e trabalharia
com "três ogans falsos" ("João Ratão, um moleque
chamado Macário e certo cabra pernóstico, o Germano."). Seria
ainda uma "exploradora", uma "negra baixa, fula e presunçosa".
O fato de Assiata, em sua visão, não ser uma legítima mãe-de-santo
teria sido a causa de uma grande confusão em sua casa, na Rua da Alfândega,
304, quando "meteu na festa de Iemanjá algumas iauô feitas por
ela", o que causou "um escândalo dos diabos": "os pais-de-santo
protestaram, a negra danou, e teve que pagar a multa marcada pelo santo."
Acusou-a ainda de ter posto "doida" uma "senhora distinta"
da Tijuca, "dando-lhe misturadas para certa moléstia do útero."
João do Rio não informa o que a teria levado a fazer isso. Talvez
não considerasse necessário, pois em As Religiões do Rio
ele afirma que todos os praticantes de cultos afro-brasileiros eram "feiticeiros"
que "formigam no Rio, espalhados por toda a cidade, do cais à Estrada
de Santa Cruz" e que estavam espalhando o mal fora do limite do "estreito
meio dos negros". Não era, portanto, algo pessoal de João do
Rio contra tia Ciata. Por essa mistura da opinião do autor com a exposição
do fato ao leitor, a série As Religiões do Rio dificilmente
seria considerada reportagem no quadro jornalístico atual, estando mais
para o ensaio.
Bem,
ao menos o endereço de Ciata fornecido por João do Rio está
livre de contestação. Com efeito, ela ainda morava no Centro nesta
época. Aliás, residia na Rua da Alfândega desde que chegara
da Bahia, provavelmente em 1870 (ou pouco depois). Nascida em Santo Amaro da Purificação
no dia de São Jorge, 23 de abril, em 1854, teria então 16 anos.
Mesmo tão jovem, já participara da fundação da Irmandade
da Boa Morte, em Cachoeira, outra cidade do Recôncavo baiano. A Irmandade
existe até hoje e é do seu acervo a foto de tia Ciata que ilustra
este texto (pela qual agradecemos a Valmir da Boa Morte).
Ao chegar
à Corte, Ciata foi morar na casa do baiano Miguel, casado com outra conterrânea,
Amélia Quindunde. A residência do casal na Rua da Alfândega
era uma espécie de "consulado baiano" no Rio. Por essa época,
começavam a chegar à capital grande número de ex-escravos
baianos, que tinham saído da terra natal levados para trabalhar nas lavouras
de café do Vale do Paraíba, na província do Rio de Janeiro;
essa migração foi aumentando conforme se aproximava o fim do regime
escravocrata e continuou após a assinatura da Lei Áurea (1888).
Perto do final do século 19, baianos e nordestinos que haviam sido soldados
nas expedições enviadas contra Canudos também se fixaram
no Rio.
A maioria escolhia a região central da cidade, indo morar
nas casas de cômodos, também chamadas cortiços ou cabeças-de-porco.
Estes palacetes construídos ao tempo da Colônia ou do Império
estavam sendo abandonados pela antiga nobreza, incomodada pelo aumento da população
pobre na área abrangida hoje pelo Centro e área portuária
(Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Morro da Providência ou da Favela),
incluindo inicialmente os morros do Castelo e Santo Antônio (demolidos mais
tarde) e avançando depois em direção à Zona Norte
(morros da Mangueira, Salgueiro e Santos Rodrigues, também chamado de São
Carlos e hoje mais conhecido como Estácio).
No começo do século 20, quase um quarto da população carioca vivia em cortiços, mesmo com as sucessivas campanhas da Prefeitura contra esse tipo de habitação, ora apontada como a causa de epidemias como as de varíola e febre amarela, ora como fator de insegurança do restante da população. Foi pensando em saneamento que o prefeito Barata Ribeiro ordenou a derrubada de cabeças-de-porco em 1893. Já a famosa política do "bota-abaixo" de seu sucessor, Pereira Passos, em 1904, visava tornar o Rio de Janeiro uma cidade capaz de rivalizar com as maiores capitais européias, tendo Paris como modelo assumido. A partir daí, como o Centro não mais poderia ter casas de cômodos, seus antigos ocupantes se transferiram para a Zona Norte ou para a Cidade Nova - caso de tia Ciata, que se estabeleceu então no famoso endereço da Rua Visconde de Itaúna, 117, em frente à Praça Onze, onde morou até morrer, em 1924. O casarão era uma legítima casa de cômodos, com seus 6 quartos, 2 salas, um longo corredor e quintal com árvores (um abacateiro, ao menos). Parte da família seguiu, porém, morando na Rua da Alfândega: foi lá que em 1909 nasceu Bucy Moreira, mesmo com a determinação de Ciata para que seu neto viesse ao mundo no casarão. Poucos meses depois, o futuro grande sambista mudou-se com a família para a Rua Minervina, perto da Praça Onze.
Além da Prefeitura, a imprensa também
não tinha em bom conceito a Cidade Nova: em 1905 a revista Renascença
publicou uma matéria intitulada "Onde moram os pobres", mencionando
a Visconde de Itaúna como uma das ruas onde as casas de cômodos escondiam
"a negra miséria de uma população enorme". É
difícil avaliar hoje o real teor racista da expressão "negra
miséria" nesse contexto. De todo modo, é bom acrescentar que
eram vizinhos de tia Ciata também imigrantes italianos, caixeiros, tipógrafos
e funcionários públicos. (A Visconde de Itaúna não
existe mais, desapareceu quando das obras para a abertura da avenida Presidente
Vargas)
Ah, e claro, a afirmação de João do Rio
sobre tia Ciata ser falsa mãe-de-santo não tem o menor fundamento.
Ela chegara ao Rio já iniciada: tivera a cabeça feita ainda na Bahia,
no Ilê Axé Iyá Nassô Oká, a Casa do Engenho Velho. No Rio, tornou-se filha-de-santo
de João Alabá, de Omulu, cuja casa era considerada uma filial carioca
de uma dissidência do Ilê Axé Iyá Nassô Oká em Salvador, o Ilê
Axé Opô Afonjá. Antes de ter sua própria casa de candomblé,
tia Ciata chegou a ser Mãe Pequena (ou seja, a substituta imediata do Babalorixá)
da casa de João Alabá, que ficava na rua Barão de São
Félix, no caminho da zona portuária para a Cidade Nova. Também
eram filhas-de-santo de Alabá outras baianas amigas de tia Ciata: tia Amélia
do Aragão (Amélia Silvana de Araújo, mãe de Donga),
tia Preciliana do Santo Amaro (Preciliana Maria Constança, mãe de
João da Bahiana), tia Mônica, tia Bebiana, tia Gracinda (esposa do
sacerdote islâmico Assumano Mina do Brasil), e tia Sadata.
(Acrescente-se
que, numa das poucas músicas que mencionam tia Ciata, é destacada
sua ligação com os cultos afros. Na letra de "Quero Ser Teu
Funk", composta em 1991 de parceria com Dé e Liminha, Gilberto Gil
recomenda ao Rio de Janeiro: "Lembra da Bahia, que um dia/ Já mandou
Ciata, a tia/ Te ensinar quizomba nagô").
Ainda morando em
casa do "cônsul" Miguel, tia Ciata começou a vender doces,
estabelecendo-se com tabuleiro na esquina das ruas Sete de Setembro e Uruguaiana.
O cronista carnavalesco Vagalume afirma no livro Na Roda do Samba, publicado
em 1933, que Ciata (a quem chama ora Asseata, ora Asseiata), quando moça,
"era da classe das negas cheirosas" e chamava a atenção
pelo trajar. Vestindo "saia bordada a ouro ou seda, sandália acompanhando
o bordado da saia", era admirada por outras baianas. Isto fez com que, mais
adiante, Ciata ampliasse seu campo de atuação, primeiro alugando
roupas como as suas para outras baianas de tabuleiro, vindo depois a manter uma
equipe de vendedoras de doces a seu serviço nas esquinas do Centro. Tudo
isso sem tirar seu tabuleiro da rua, pois Vagalume informa que ela vendia doces
"mesmo depois de velha". Essa era, segundo o cronista, a forma com que
Ciata procurava ajudar o marido, o também baiano João Batista da
Silva. João Batista iniciara - mas não concluíra - o curso
de Medicina na Bahia, e durante boa parte da vida no Rio trabalhou na Imprensa
Nacional. O casal teve 26 filhos.
Em seu trabalho na rua, tia Ciata
não parece ter enfrentado problemas como os que sua conterrânea tia
Tereza tinha com a polícia. Por algum motivo, a autoridade policial não
queria que tia Tereza mantivesse o tabuleiro no Largo de São Francisco,
transferindo-a para a Rua Uruguaiana, junto à grade da Igreja do Rosário.
Como a implicância seguiu mesmo no endereço que o próprio
chefe de Polícia havia fixado, ela conseguiu que Vagalume, que trabalhava
no Jornal do Brasil, intercedesse junto ao coronel Meira Lima, garantindo-lhe
que pudesse vender seus quitutes em paz na esquina das ruas do Rosário
e Gonçalves Dias. Tia Tereza não vendia doces como tia Ciata; servia
angu à baiana, picadinho com batata, arroz, carne assada, fígado
de cebolada, lingüiça frita, peixe frito, farofa de ovo e mingau.
Tendo trabalhado sempre à noite - talvez pelo fato de ser esposa do guarda-noturno
Chaves -, a exposição contínua ao sereno lhe trouxe com o
tempo problemas de saúde, o que fez com que tia Tereza passasse a atender
a fiel freguesia em sua casa, à Rua Luiz de Camões.
A
casa de tia Tereza já era conhecida por outros motivos: pelo abrigo que
oferecia a órfãos, viúvas e menores abandonados (como observa
Vagalume, "sem que a polícia lhe indenizasse as despesas de estadia
de dias, semanas e às vezes, meses"); pelo busto de D. Pedro I na
sala de visitas; e pelas afamadas festas que promovia. Uma delas, em honra a São
Cosme e São Damião, teve tia Gracinda como rainha. O filho de tia
Gracinda, Didi, era assíduo nas festas em casa de tia Tereza, a quem homenageou
com este samba:
"Esta gente enfezada/ Que nas pernas tem destreza/
Vem cair na batucada/ Na casa da tia Tereza./ Baiana do outro mundo/ Eu sinto
a perna bamba/ O meu prazer é profundo/ Aqui na roda do samba."
Sua condição de saúde, mais a campanha do prefeito
Pereira Passos contra as casas de cômodos do Centro, certamente contribuíram
para a decisão de tia Tereza de voltar para Maragogipe, no Recôncavo
baiano, onde nascera e de onde trouxera o apelido Tetéia (suas amigas baianas
do Rio só a chamavam assim). Perdiam os sambistas um grande ponto de encontro.
Diz Vagalume que "quer no tabuleiro, quer na residência da tia Tereza,
é que os sambistas sabiam das novidades. Qualquer brincadeira que houvesse,
tinha que ir ali - ao bureau de informações."
Sendo
irrevogável a decisão de tia Tereza seguir com Chaves para junto
de seus parentes, só restava aos sambistas buscarem novo bureau.
Se alguns podem ter ido para outro samba afamado da época, o de João
Alabá, é certo que muitos preferiram a nova casa de tia Ciata, na
Visconde de Itaúna, estrategicamente localizada perto da Praça Onze,
da sociedade recreativa Paladinos da Cidade Nova - e, mais tarde, da sociedade
carnavalesca Kananga do Japão (fundada como rancho em 1910). E bota "muitos"
nisso: nos cerca de 20 anos que Ciata morou na Cidade Nova, freqüentaram
sua casa outras tias baianas famosas na época - além de suas amigas
que também eram filhas-de-santo de Alabá, acrescentem-se tia Dadá,
tia Veridiana (mãe de Chico da Bahiana), tia Josefa Rica e tia Tomásia
-, o jornalista Vagalume, o ator Alfredo de Albuquerque e importantes nomes da
música popular como Hilário Jovino Ferreira, Donga, Pixinguinha,
João da Bahiana, Heitor dos Prazeres, Sinhô, Caninha, Didi da Gracinda,
Marinho que Toca (pai do compositor Getúlio Marinho), Mauro de Almeida,
João da Mata, João Câncio, Getúlio da Praia, Mirandella,
Mestre Germano (genro de Ciata), China (irmão de Pixinguinha) e Catulo
da Paixão Cearense. Jota Efegê inclui João do Rio na relação,
o que parece improvável, a julgar pelo que este escrevera contra a dona
da casa em As Religiões do Rio.
Tal preferência
não pode ser atribuída apenas à mera localização
da residência. Outra passagem do livro Na Roda do Samba, de Vagalume,
pode ajudar a esclarecer a questão. Depois de falar de como tia Ciata seguia
vendendo doces para ajudar o marido, informa que
"Nos dias de samba,
candomblé ou carnaval, João Batista não podia contar com
a esposa.
Em dia de candomblé, porque, como boa Mãe-de-Santo,
ia ver arriar os orixás e levava em sua companhia as filhas Isabel, Pequena
e Mariquita.
Em dia de samba, ela estava dentro da roda.
Quando
era carnaval esquecia tudo, porque, foliona de primeiríssima, transformava
a sua casa, quer na rua da Alfândega, quer ultimamente na rua Visconde de
Itaúna (onde faleceu) em verdadeira Lapinha. Rancho que saísse e
não fosse à casa da Asseiata - não era tomado em consideração,
era o mesmo que não ter saído.
Os sambas na casa de
Asseiata eram importantíssimos, porque, em geral, quando eles nasciam no
alto do morro, na casa dela é que se tornavam conhecidos da roda. Lá
é que eles se popularizavam, lá é que eles sofriam a crítica
dos catedráticos, com a presença das sumidades do violão,
do cavaquinho, do pandeiro, do reco-reco e do 'tabaque'."
Aí
está: além de receber os sambistas, como tia Tereza, ou recebê-los
e ter em sua casa um centro de candomblé, como João Alabá,
tia Ciata também fez de sua casa ponto de saída de ranchos carnavalescos
- atividade a que tia Tereza não parece ter se dedicado, e que recebeu
atenção apenas esporádica de Alabá (ele formou um
rancho em estilo africano, que desfilou um ano só, em 1906). É digno
de destaque também que ela, além de abrir sua casa para os sambistas,
participava ativamente dos sambas que marcavam festas que ficaram famosas, como
as que fazia para Cosme e Damião, em setembro, e para Oxum, em dezembro.
Desde seus primeiros tempos no Rio, a beleza de Ciata e sua graça ao dançar
já chamavam a atenção. Era exímia no miudinho, cujos
passos ensinou a Bucy Moreira. Além disso, era partideira de destaque,
sendo até apontada como uma das verdadeiras autoras do "Pelo Telefone"
(chegamos lá). Essa enumeração de fatores que influíam
na predileção dos sambistas pela casa de tia Ciata não estará
completa sem que se mencione a relação que ela mantinha com a polícia.
Ao contrário do que costuma se afirmar, não havia nenhuma
lei proibindo o samba no começo do século 20. Se considerarmos apenas
o período que vai do sucesso do "Pelo Telefone" (1917) à
morte de Ciata (1924), veremos que, em todos estes sete anos, sambas foram gravados
em discos, impressos em partituras e cantados nos teatros, cafés, salões
de baile e casas humildes - isto sem falar nas viagens dos Oito Batutas à
França, em 1922, e à Argentina, em 1923.
O que havia
era a repressão policial a manifestações culturais e religiosas
das áreas pobres do Rio, o que incluía então a Cidade Nova
e morros da Zona Norte, onde, como vimos, numerosas famílias negras foram
morar depois que foram expulsas do Centro. Não parece ter havido base legal
para essa repressão. Embora, pela Constituição de 1891, existisse
liberdade religiosa no país, os cultos afro-brasileiros não eram
ainda oficialmente reconhecidos como religião (o que levou décadas
para acontecer). Os locais onde se praticavam esses cultos eram chamados genericamente
de "macumbas" e só podiam funcionar com licença da polícia.
Sendo os adeptos dessas religiões moradores da área mencionada da
cidade e também os responsáveis pela introdução do
samba no Rio, é natural uma certa confusão a respeito. A própria
polícia na época associava as coisas, e as fontes disponíveis
permitem concluir que, para a repressão, o simples fato de se cantar samba
em determinada residência da Cidade Nova seria um indicativo de que o lugar
seria uma "casa de macumba".
Que a repressão visava
os cultos, deduz-se do que diz Vagalume, ao tratar da figura do pai-de-santo Cypriano
Abedé: "As funções na casa de Sua Majestade
Abedé eram permitidas pela polícia, em vista de ser ali uma sociedade
de Ciências Ocultas, com organização de sociedade civil, sendo
(...) os seus estatutos aprovados pela polícia" para a prática
"da religião e danças africanas". Isto porque Abedé
era o único pai-de-santo com diploma de doutor em Ciências Ocultas,
concedido por uma universidade norte-americana. Informa ainda Vagalume que
"Os
grandes candomblés na casa de Sua Majestade Abedé eram precedidos
de festas, dança e cânticos, em que o samba tinha preferência.
Os sambas e os candomblés de Abedé, na rua João Caetano,
69, se recomendavam pela gente escolhida que os freqüentava e nos dias de
tais funções, era de ver a grande fileira de automóveis naquela
rua, sendo alguns de luxo e particulares na sua maioria. Era gente de Copacabana,
Botafogo, Laranjeiras, Catete, Tijuca, São Cristóvão, enfim
gente da alta roda que ali ia render homenagens a seu Pai Espiritual."
Para
dar uma idéia do prestígio de Sua Majestade Abedé,
Vagalume arremata com a informação de que, numa festa que deu em
setembro de 1930, compareceu até o filho do presidente da República,
Washington Luís.
Se a medida de prestígio era o bom trânsito
junto à Presidência da República, pode-se dizer que tia Ciata
não tinha o que invejar em relação a Abedé. Ela foi
chamada ao Palácio do Catete para tratar de uma ferida do presidente Venceslau
Brás, que resistia a todos os tratamentos indicados pelos médicos.
Curado por Ciata, Venceslau Brás expressou sua gratidão transferindo
João Batista da Imprensa Nacional para a chefia de gabinete do chefe de
Polícia. Assim, durante o mandato de Venceslau Brás (1914-18), as
festas na casa de tia Ciata eram autorizadas, contando com o envio de dois soldados
que iam fazer a segurança. (O prestígio da família com o
poder sobreviveu a Ciata: em 1925, o chefe de Polícia conseguiu vaga para
Bucy Moreira estudar na Escola Bom Jesus, em Paquetá, onde ele ficou até
1927.)
Outro presidente, o marechal Floriano Peixoto, foi um dos primeiros
a receber a visita do Rancho Rei de Ouros, em 1894. O roteiro do rancho fundado
na Pedra do Sal (Saúde) por Hilário Jovino, tia Gracinda, Marinho
que Toca, Chica do Marinho, Cleto Ribeiro, Noela e Atanásio Calisto incluía
ainda as redações dos jornais cariocas e a casa das irmãs
baianas Candinha e Telva, à Rua São Pedro (mais uma rua que desapareceu
quando da construção da Av. Presidente Vargas). Além de procurar
o favor presidencial, outra providência adotada por Hilário logo
após criar o Rei de Ouros em 6 de janeiro de 1893 foi licenciá-lo
na polícia.
Se há precedente para a busca desse registro
por parte de Hilário - era o que, em seu Pernambuco natal, faziam os sambas
que saíam no carnaval do Recife desde 1886 -, sua decisão de mudar
a data de saída do rancho foi revolucionária. Até ali, os
ranchos existentes no Rio, de modo semelhante aos da Bahia, saíam na época
dos festejos natalinos, percorrendo as casas da vizinhança cantando e "tirando
Reis" (pedindo dinheiro). Era o que fazia o Dois de Ouro, rancho que já
existia na Saúde, fundado por Leôncio de Barros Lins. Os pastoris
e ranchos cariocas tinham como ponto de encontro no Natal o Largo de São
Domingos. Coube ao Rei de Ouros o pioneirismo de ser o primeiro rancho carioca
a passar a desfilar no carnaval.
Outra grande contribuição
de Hilário foi adaptar a estrutura tradicional dos ranchos baianos, fixando
nos ranchos cariocas funções como as do mestre-sala e da porta-bandeira,
lançando assim as bases do que viriam a ser as escolas de samba. Estas,
a começar pela Deixa Falar, fundada no Estácio em 1928, seguiram
os modelos vigentes nos ranchos. Inclusive tendo o mesmo cuidado de obter um registro
na polícia, para mostrar o caráter "sério" da agremiação,
que a partir do gesto de Hilário todos os ranchos adotaram.
Vagalume
aponta os ranchos como uma evolução natural dos grupos que já
desfilavam no carnaval. Os sambistas que representavam nos cordões os velhos,
palhaços e as figuras do "Pai João" e do "Rei de
Diabo" formavam blocos de sujos na manhã da Terça-Feira Gorda,
animando o carnaval das 8 horas até o meio-dia com trotes e críticas.
Entusiasmados com os sujos, "os ases do samba" criaram primeiro "um
rancho à moda da Bahia - o '2 de Ouro' e logo a seguir fundaram o Rei de
Ouro, vindo depois a Rosa Branca".
E quem eram estes ases
do samba? Vagalume menciona "Hilário, Cleto, Germano Theodoro
(Massada), Assumano, falecido em 22 de julho de 1933, Galdino, Oscar Maia, João
da Harmônica, Marinho que Toca, Bambala, Maria Adamastor, Maria de Santo
Amaro, Asseata, João Alabá, Zuza, a gente toda do terreiro de Sua
Majestade Cypriano Abedé, Gracinda, uma das mais lindas baianas e falecida
no mês de janeiro de 1933". Sem dúvida, todos eles só
podiam aprovar a idéia de Hilário de fazer os ranchos desfilarem
no carnaval, permitindo-lhes uma liberdade maior do que a reservada à época
para manifestações públicas no período natalino.
Seguiu
inalterada, é evidente, a reverência dos ranchos às baianas
notáveis. Em crônica de 1921, Vagalume lembrava que rancho que não
fosse à casa de tia Ciata ou de tia Bebiana "era considerado como
não tendo saído no Carnaval". Tia Bebiana morava próxima
ao Largo de São Domingos, para onde levava sua lapinha, e onde recebia
a reverência dos ranchos que faziam questão de cumprimentá-la.
Jota Efegê localizou um "apedido" publicado no Jornal do Brasil
em 1906, assinado por Hilário Jovino, então presidente do rancho
Jardineiras, convidando todos os ranchos a comparecerem à casa de tia Bebiana
no nº 7 do Largo de São Domingos, para levar a lapinha e receber os
ramos. A casa de tia Sadata, na Saúde, de onde já saía o
Dois de Ouro, veio a ser também a sede do Rancho das Sereias. Da casa de
tia Ciata, saíram, em épocas distintas, dois ranchos, o Rosa Branca
e O Macaco é Outro.
O Rosa Branca contou entre seus integrantes
Hilário Jovino. E Dedé, Abut e Germano faziam parte da diretoria
d'O Macaco é Outro, que tinha como principais pastoras Ziza, Catita e Pequena.
Também foram fundadores Ascendino, Gervásio, Manuel Pereira e Oscar
Maia (que em 1907 criara outro rancho, o famoso Ameno Resedá). Didi da
Gracinda somou-se ao grupo d'O Macaco, para o qual trouxe seu samba que homenageava
tia Tereza ("Esta gente enfezada/ Que nas pernas tem destreza...).
O
Macaco... fez seu primeiro desfile no domingo de Carnaval de 1910, tendo como
mestre-sala Germano e como porta-estandarte Lili (Licínia da Costa Jumbeba,
16 anos, a neta mais velha de Ciata). O rancho saiu da Visconde de Itaúna
em direção ao Catete, onde visitou seus coirmãos Ameno Resedá,
Flor do Abacate, Mimosas Cravinas e Corbeille de Flores. Na rua, seus componentes
cantavam: "Já fugiu meu macaquinho/ Coitadinho!/ Quem nos dará
razão/ Que macacão!". Dias antes, ao se preparar para o desfile,
em casa de Ciata, O Macaco cantou outra marcha ("Meu macaco feiticeiro/ Engraçado
e tentador/ Meu macaco tão faceiro/ Da vitória é o portador.)"
ao receber a visita de Vagalume, que elogiou o novo rancho no Jornal do Brasil.
Marinho da Costa Jumbeba, irmão de Lili, aprendeu com Germano a técnica
deste como mestre-sala (que Jota Efegê definiu como "coreografia leve,
elegante, sem lances de acrobacia") para sucedê-lo à frente
dos desfiles d'O Macaco.
Até 1910, os ranchos simplesmente desfilavam,
sem se apontar um deles como "vencedor do Carnaval". Porém, ao
resolver que seu desfile em 1908 aludiria à Corte Egipciana, o Ameno Resedá
introduziu o conceito de "enredo" no Carnaval. Outras agremiações
o imitaram, o que levou o Jornal do Brasil a encampar a idéia do
diretor de harmonia dos Paladinos Japoneses, Barnabé Bouis, de haver uma
comissão julgando os desfiles dos ranchos. Assim, a partir de 1911, o jornal
passou a patrocinar anualmente o desfile competitivo na avenida Rio Branco, em
frente à sua redação, no domingo de Carnaval - o "Dia
dos Ranchos". Desta forma, o espírito de confraternização
que unia os ranchos na visita à lapinha de tia Bebiana no largo de São
Domingos foi dando lugar à competição entre as diferentes
agremiações (que está na base do atual concurso das escolas
de samba).
Embora alguns autores afirmem que o samba "Pelo Telefone"
foi composto em casa de tia Ciata durante um ensaio do Rosa Branca, isto me parece
pouco provável, levando em conta as informações de Jota Efegê
de que este rancho foi criado em 1900 e teve curta duração, já
não existindo quando do primeiro desfile d'O Macaco é Outro, em
1910. Assim, o mais provável é que "Pelo Telefone" tenha
nascido numa festa de partido-alto. Donga conta que, ao se iniciar um samba, combinava-se
se ele seria corrido ou partido-alto (Almirante informa que na casa de tia Ciata
também se fazia o samba raiado).
A lenda do samba proibido pela
polícia tem usado à exaustão como justificativa uma frase
de Pixinguinha: a de que na casa de tia Ciata se fazia samba no quintal e choro
na sala, "o samba era separado pelo degrau." Isto porque, segundo a
lenda, o choro na parte da frente da casa serviria para abafar o som do samba,
que não seria deste modo percebido pela polícia na rua. É
difícil entender como essa lenda prosperou, por pelo menos três motivos:
primeiro, como o choro não usava percussão na época, era
impossível que abafasse o som do samba, com certeza muito mais forte; segundo,
a polícia já estaria presente, garantindo o samba e não o
combatendo, ao menos durante o governo Venceslau Brás, que coincide com
a época em que "Pelo Telefone" foi composto (1916); terceiro,
a explicação de Donga para a preferência por sambar no quintal:
o samba de Ciata reunia tanta gente que só no quintal era possível
acomodar a todos.
A polêmica envolvendo o "Pelo Telefone"
parece ter sido a única briga realmente séria ao longo de décadas
envolvendo o grupo que se reunia na casa de tia Ciata. Antes disso, ela chegara
a romper relações com Hilário Jovino - afinal, ele, que estava
namorando sua filha Mariquita, fugira com uma amiga dela, a mulata Amélia
Kitundi (não confundir com a antiga "consulesa" baiana Amélia
Quindunde). Mas isso já estava superado em 1916.
O caso é que Donga se apresentou como autor do samba, registrando-o na Biblioteca Nacional
no final de 1916 e fazendo-o gravar na Odeon em 1917, primeiro pela Banda Odeon
(janeiro) e depois com o cantor Bahiano (fevereiro), e apontando Mauro de Almeida
como parceiro. Seus amigos da casa de tia Ciata reconheceram no "Pelo Telefone"
o "Roceiro", que teria sido composto coletivamente por Hilário
Jovino, Mestre Germano, Tia Ciata, João da Mata, Sinhô e Mauro de
Almeida, como apontava o Jornal do Brasil de 4 de fevereiro de 1917. O
texto datava a composição da música em 6 de agosto do ano
anterior e mencionava Ciata duas vezes. A primeira, no caráter de parceira
do samba ("a nossa velha amiguinha Ciata"); a segunda, numa estrofe
da paródia do próprio "Pelo Telefone" que o JB utilizou
para criticar Donga ("Ó que caradura/ De dizer nas rodas/ Que este
arranjo é teu!/ É do bom Hilário/ E da velha Ciata/ Que o
Sinhô escreveu."). Henrique Alves informa que Didi da Gracinda
também se atribuiu co-autoria. Já Almirante não exclui da
relação de autores do "Roceiro" o próprio Donga,
enquanto Vagalume situa a contribuição deste em ter feito "um
arranjo da música" (enquanto Mauro fizera o "arranjo da letra").
É o autor de Na Roda do Samba ainda o único a mencionar que,
na versão gravada, Donga incluiu parte de um samba pernambucano ("Olha
a Rolinha"), que conheceu cantado no Clube dos Democráticos por Mirandella.
(Para maiores detalhes, leia o texto O
Samba Indígena)
Por mais incrível que possa parecer,
porém, em pouco tempo Donga já se reintegrara às festas na
casa de tia Ciata: em 1918, o encontramos como um dos que se sentiram ofendidos
quando Sinhô lançou o samba intitulado "Quem São Eles?",
cujo refrão começava com os versos "A Bahia é boa terra/
Ela lá e eu aqui, iaiá".
Quase noventa anos depois,
fica um pouco difícil entender a real causa da polêmica iniciada
com "Quem São Eles?". Sérgio Cabral afirma que a motivação
foi a discussão gerada quando da gravação do "Pelo Telefone",
pois Sinhô passou a se dizer autor do "arranjo" (o que a citada
paródia do JB respaldava), e isto teria feito com que ele, na condição
de carioca, hostilizasse os sambistas baianos (entrando na contagem os cariocas
filhos de baianos, como Donga e João da Bahiana, e até quem nada
tinha com a Bahia, como Pixinguinha), compondo "Quem São Eles?"
como uma provocação. Outra versão, apresentada no fascículo
2 da coleção História do Samba, dá conta de
que Sinhô teria brigado com China e escrevera o samba para atacá-lo,
estendendo a agressão a Pixinguinha (irmão de China), Hilário
e Donga. Já Edigar de Alencar, embora chegue a mencionar que "Quem
São Eles?" é tomado à conta de "revide ou desafio",
pondera que talvez ele fosse apenas alusivo a um grupo com este nome que existia
na época, ligado ao Clube dos Fenianos. Há quem diga ainda que o
grupo teria sido organizado pelo próprio Sinhô.
Enfim,
se hoje não temos certeza se Sinhô quis ofender seus antigos amigos,
na época eles não tiveram a menor dúvida. Pouco depois, fizeram
os sambas-resposta "Não És Tão Falado Assim" (Hilário
Jovino), "Fica Calmo que Aparece" (Donga) e "Já te Digo"
(Pixinguinha - China), este um dos sucessos do carnaval de 1919. Nesse mesmo ano,
Sinhô replicou com "Três Macacos no Beco" (os três
seriam Pixinguinha, Donga e China) e renovou o ataque com "O Pé de
Anjo", seu grande sucesso no carnaval de 1920, e que ridicularizaria os pés
muito grandes de China. Não houve resposta a estas duas composições,
esvaziando-se a polêmica.
Há até quem duvide de
que a briga entre Sinhô e seus velhos parceiros fosse pra valer, como Luís
Antônio Giron, em seu livro Mario Reis - O Fino do Samba. Giron atribui
a questão em torno do "Quem São Eles?" ao tino comercial
de Sinhô, que buscaria assim uma autopromoção, mostrando-se
como um sambista urbano carioca que se opunha aos "'baianos', autores de
sambas de teor folclórico e rural", "músicos que costumavam
se reunir nas festas da baiana Tia Ciata" (ou seja: Giron parece desconsiderar
que, por largo tempo, Sinhô era um destes músicos).
Seja
como for, Giron apresenta como argumento para demonstrar que polêmicas como
essas do "Quem São Eles?" não deixavam repercussões
duradouras o fato de que foi Donga o violonista que Sinhô escolheu para
acompanhá-lo na estréia fonográfica de Mario Reis, em junho
de 1928. O repertório dos três primeiros discos que o jovem aristocrático
fez então para a Odeon era todo de produções de Sinhô.
Em apenas um samba ("Jura") Mario cantou com orquestra; nas outras cinco
músicas - os sambas "Que Vale a Nota Sem o Carinho da Mulher?",
"Deus nos Livre do Castigo das Mulheres" e "Gosto que me Enrosco",
mais o romance "Carinhos de Vovó" e a canção "Sabiá"
-, foi acompanhado por dois violões. Sim, já famoso então
na cidade como pianista, Sinhô nessas gravações tocou violão,
fazendo os ponteios no baixo para os solos de Donga.
Giron fornece
outra prova de que as eventuais brigas não se traduziam em rompimentos
definitivos - Heitor dos Prazeres, que já se desentendera com Sinhô,
a quem acusava de roubar músicas suas inteiras, dizia no seu samba "Primeira
Linha", lançado em 1930: "E o Caninha, o Donga/ E o Pixinguinha/
São todos camaradinhas/ Inclusive o Sinhô."
Essa tendência
dos sambistas de então a não perpetuar rancores me parece ter sido
uma das tantas lições que tia Ciata lhes transmitiu, e que contribuem
para que ela ainda hoje seja lembrada de forma tão especial.
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Bezerra da Silva - Produto do Morro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999
- Making off do texto: escrito em novembro de 2007, após minha primeira viagem à Bahia, quando explanei sobre O Samba Indígena no Teatro Dona Canô, por ocasião da abertura da Casa de Samba de Santo Amaro, em setembro daquele ano. O texto atendia o pedido de uma baiana, funcionária do Ministério da Cultura, que, após ouvir José Miguel Wisnik falar sobre tia Ciata, perguntou-me onde poderia saber mais acerca de sua famosa conterrânea. Quando comecei a ler a respeito, vi que não havia porque manter minha intenção inicial de apenas compilar os dados já largamente conhecidos (muitos dos quais já citados, aliás, na explanação de Wisnik), já que a figura de tia Ciata que emergiu de minha pesquisa (feita, em grande parte, nas mesmas fontes que tantos outros pesquisaram) apresentava um personagem riquíssimo. Publicado no site Brasileirinho ainda em 2007, chegou a ser mencionado durante algum tempo no item "Ligações externas" do verbete sobre Tia Ciata na Wikipedia.
- Desde 2.10.09, o texto está reproduzido na íntegra no Portal Geledés, na editoria África e sua diáspora, seção Afro-brasileiros.
- Em 2014, o jornal Hora do Povo, de São Paulo, começou a publicar este texto em capítulos, constituindo a série "Tia Ciata e a formação da cultura nacional": a primeira parte saiu em 19/2 e a segunda parte em 19/3. Faltaria uma terceira parte, pois não foi o publicado o trecho final, concluindo a parte dos ranchos e falando do "Pelo Telefone" e das polêmicas envolvendo Sinhô e Donga. Os textos já não se encontram no site do jornal.
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